Limitação à Ilha do Mel gera reclamação

O fechamento para visitação da Ilha do Mel, no último domingo, das 7h às 12h, trouxe prejuízos para alguns donos de pousadas do local, que esperavam com ansiedade o último feriado da temporada de verão. O limite de cinco mil pessoas na ilha foi atingido no sábado à noite e, por isso, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) decidiu limitar a entrada. Porém, os comerciantes alegam que esse limite, que foi definido em 1998, está ultrapassado e precisa ser revisto. Outro problema que atrapalhou o movimento das pousadas foi a superlotação de campings e casas de aluguel.

A proprietária da Pousada Farol das Estrelas, Eunice Ribeiro, conta que dos cinco quartos só conseguiu ocupar um, e ainda tendo que baixar o valor da diária. ?As pessoas que estavam vindo para cá foram informadas que a ilha estava fechada, e então, voltaram. Isso não foi justo?, reclamou, garantindo que essa foi a primeira vez que o problema aconteceu. A dona da Pousada D?Lua, Maria José Colseski, também ficou indignada com a situação, pois mesmo os que tinham reservas tiveram dificuldades de chegar. ?Teve hóspede que contou que tinha fiscais em Pontal e Paranaguá informando que a ilha estava lotada e mandavam todos retornarem?, disse, acrescentando que isso não era verdade, pois dos dez quartos da pousada, apenas dois foram ocupados. Para ela, tudo não passou de uma retaliação política.

A artista plástica e professora de Curitiba, Ivete Tokarski, conta que chegou na ilha na sexta-feira e esperava o filho no domingo. Porém, ele só conseguiu embarcar depois que a pousada passou um fax da reserva e comprovante de pagamento para a central de visitantes, em Pontal do Sul. ?Foi um transtorno. Ele teve que passar na frente de muita gente que estava na fila esperando para embarcar. Acho que tinha muita gente na ilha, mas não estava lotada?, comentou. De acordo com informações da Associação dos Barqueiros (Abaline), responsável pela travessia para a Ilha do Mel, muitas pessoas tentaram embarcar no domingo, mas acabaram retornando. A superlotação de áreas de camping também teria atrapalhado o movimento das pousadas, garante o dono da Pousada Bob Pai Bob Filho, Joelson do Pilar Cruz. ?Tinha lugar que recebeu excursão com 150 pessoas tendo apenas dois banheiros para atender. Eu cheguei a fazer uma reclamação para o IAP, que disse não poder fazer nada?, falou.

Intencional

Para o juiz de direito de Paranaguá que atende a Ilha do Mel, Walter Ligeiri Júnior, o IAP demorou para fechar a visitação no local, pois tinha a impressão que havia mais de dez mil pessoas no feriado. Segundo ele, se as pousadas ficaram com vagas ociosas foi por causa dos preços praticados. No entanto, ele afirma que faltou atuação do órgão ambiental em fiscalizar os campings, que receberam turistas sem a devida estrutura. ?Houve falha do IAP, e por isso é preciso rever sua atuação na ilha?, disse.

O presidente da Associação do Comércio e Turismo da Ilha do Mel, Carlos César de Paula Gnata, defende que é preciso rever também o limite de visitação da ilha, já que o número de cinco mil pessoas foi definido em uma época em que não havia a mesma estrutura no local. ?Quando se pensou nesse limite tinha 50% da estrutura que existe hoje. É um limite ultrapassado que precisa ser revisto?, afirmou. O proprietário da Pousada Estrela do Mar, Gilberto Spinosa, comenta que a situação registrada no Carnaval demostra claramente a necessidade de uma política mais adequada para o local, ?pois na medida que o comércio não fatura, tem dificuldades para sobreviver no local?.

O chefe regional do IAP no litoral e coordenador da Ilha do Mel, Reginato Joaquim Grun Bueno, foi procurado para falar sobre o assunto, mas até o fechamento da edição, não retornou à ligação.

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