Liminar confunde o consumidor de água mineral

Uma liminar obtida na justiça pela empresa de água mineral Ouro Fino está causando uma enorme confusão entre as distribuidoras e os consumidores. Isso porque as outras envasadoras estão proibidas de engarrafar água nos galões que têm a logomarca da empresa.

A confusão começou porque algumas distribuidoras acabaram entendendo que só poderiam vender o produto se o consumidor trouxesse a embalagem correspondente, ou seja, o garrafão Ouro Fino só poderia ser trocado pela água de mesma marca. Desse modo, o consumidor seria obrigado a se manter fiel à empresa, sem poder optar por um preço mais acessível. O garrafão de 20 litros da Ouro Fino em alguns lugares custa R$ 5,50 e outras marcas podem ser compradas por até R$ 3,00.

A arquiteta Ana Rech, 36 anos, foi vítima dessa confusão. Ontem ela ligou para uma distribuidora pedindo água Ouro Fino, mas foi informada que só poderia levar a água se o galão que tivesse em casa pertencesse à marca da empresa. Acabou tendo que optar por outra marca.

Mas não é isso o que determina a Justiça. A advogada do Procon, Elizandra Pareja, esclarece que a medida judicial não vai influenciar em nada a vida dos consumidores. Eles podem apresentar qualquer uma das embalagens que existem no mercado e levar a água que quiserem. Cabe às distribuidoras redirecionar os garrafões.

A mudança está trazendo dificuldades. O proprietário da distribuidora Gelão, Luiz Carlos Raksa, comenta que não está tendo embalagens suficientes para comprar água de outras marcas. ?Segundo ele, toda semana os pedidos giravam em torno de 80 galões. No entanto, agora baixou para 55. Outra reclamação de Luiz é o fato de a Ouro Fino não estar recebendo embalagens, que até então eram trocadas sem problema. O prejuízo já é de R$ 1 mil.

Procedência

O diretor industrial da Ouro Fino, Carlos Alberto Lancia, explica que a empresa resolveu entrar na Justiça para que o consumidor não tenha dúvida da procedência da água que está comprando. Segundo ele, a marca Ouro Fino vem gravada nos garrafões. Quando outra empresa ficava com a embalagem colocava um rótulo plástico em cima indicando a procedência. Mas havia casos em que o rótulo cedia e o consumidor não podia mais ter certeza da procedência.

O despacho com a decisão da Justiça revela que a Ouro Fino detém 57% do mercado estadual e o uso indiscriminado das garrafas tem gerado uma série de prejuízos. A empresa paga R$ 10,00 por cada galão, sendo que todo mês 10 mil garrafas não retornam para a fábrica. Para não faltar o produto, acabam fabricando mais garrafas, o que custa R$ 100 mil.

A proprietária da envasadora de água Timbu, Maria Alice Carneiro, afirmou que vai recorrer da decisão por entender que ela fere a prática de mercado, onde há troca de embalagens, como é o caso da venda de gás. A sua empresa teve que fabricar mais 10% de garrafões para dar conta da demanda. 

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