Lei proíbe tanques não fixados em Maringá

A morte de um menino de dois anos reacendeu uma polêmica antiga em Maringá: o uso de tanques de lavar roupas não fixados. Lucas Gabriel da Silva Borges teve o tórax esmagado, há cerca de 15 dias, quando se pendurava para brincar em um tanque de argamassa que estava nos fundos da casa, no Jardim Copacabana, zona norte da cidade. Uma lei municipal proíbe a utilização desse tipo de tanque, porém, como não há fiscalização, os acidentes continuam acontecendo.

Quem faz o alerta é a advogada e coordenadora do Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e Juventude (NEDIJ) – entidade vinculada ao curso de Direito da Universidade Estadual de Maringá (UEM) – Amalia Regina Donegá. Segundo ela, os acidentes acontecem com esse tipo de tanque de argamassa armada porque eles possuem pés de apoio anteriores retos, concentrando o centro de gravidade nas laterais. ?As crianças geralmente se penduram para brincar nas abas desses tanques, que acabam tombando em cima delas, e devido ao seu peso, geralmente são fatais?, comentou.

No final da década de 90 esse tipo de acidente vitimava uma média de 40 crianças por ano na região de Maringá. Foi em função disso que houve uma mobilização na cidade para mudar essa realidade. A Câmara Municipal aprovou uma lei que prevê multas para quem não fixar o tanque no chão. Além disso, pesquisadores da UEM desenvolveram pesquisas para mudar o centro de gravidade do tanque para o meio, tornando-os mais estáveis. Com isso, para que ele pudesse virar, seriam necessários 132 quilos, e não mais 11 quilos, como nos tanques com gravidade lateral. E, para aumentar a segurança, esses equipamentos deveriam ser fixados no chão ou na parede.

Trocas

O próprio Sindicato das Empresas de Material de Construção Civil (Sintemac) se comprometeu a padronizar a fabricação desses novos modelos. Mas o problema, comenta a advogada, é que esses modelos antigos têm vida útil de mais de 50 anos e, por isso, a resistência em mudar. O médico pediatra José Carlos Amador relata que a maioria das pessoas que possuem esses tanques é de baixo poder aquisitivo, mora em casas de aluguel, e como não ficam muito tempo no endereço, não querem fixar os tanques. ?Geralmente são terrenos com duas ou três casas que utilizam o mesmo tanque, que às vezes está apoiado em cima de tijolos, o que os torna ainda mais sujeitos a virar?, comentou.

Voltar ao topo