Junk food é vilã da boa alimentação

Batata frita, chocolate, muita bala, sanduíche, bolacha, refrigerante. Estes são alguns dos itens que a adolescente Caroline Santos Borges, 12 anos, lembra para descrever a sua alimentação diária. A estudante se enquadra no rol de crianças e jovens que, diante de tantas opções, adotam a junk food ou ?comida lixo?, na tradução literal, na alimentação do dia-a-dia. Mas, apesar de apetitosas e tentadoras, são gordurosas e sem nutrientes e por isso estão fazendo com que jovens sofram de doenças precocemente. E apesar de este tipo de comida estar à disposição em diversos lugares, especialistas defendem que o hábito de evitá-la tem que começar em casa.

Junk food são aquelas comidas de preparo rápido ou prontas (industrializadas) e que não têm qualidade nutricional. São ricas em gordura, carboidrato e açucares. A definição é da nutricionista Elisangela Faria Cembrani. Segundo ela, esses alimentos são ricos em gorduras trans, não têm vitaminas minerais e o hábito de consumi-los diariamente sem a prática de exercícios físicos pode causar diversas doenças como obesidade, diabetes, colesterol alto, hipertensão e outros problemas cardíacos. E as crianças já estão entrando na lista de pacientes com estes problemas. ?Hoje em dia a gente vê que é mais comum ver crianças com diabetes e colesterol elevado. A obesidade infantil cresceu muito?, afirma.

Para evitar os problemas da má alimentação, a nutricionista defende que o exemplo deve vir dos pais. ?Essa é a primeira coisa. Se eles se alimentam mal, a criança não vai comer bem também. E é preciso evitar a monotonia alimentar, colocando sempre alimentos saudáveis nas refeições?, explicou. Elisangela afirmou que não é possível deixar as crianças sem a junk food sempre, mas deve-se criar um hábito para que o consumo seja esporádico.

Gestação

Elisangela diz que o hábito de gestantes no consumo de  junk food pode influenciar na saúde do filho no futuro. ?Se a mãe tem uma alimentação pouco saudável quando está gerando o bebê, pode acarretar em uma carência nutricional. A criança pode nascer com tendência ao diabetes, com baixo peso, com alergia alimentar?, explicou.

Uma pesquisa, divulgada em agosto pelo British Journal of Nutrition, apontou que os hábitos alimentares da mãe durante a gestação também pode influenciar nos hábitos alimentares do filho. Segundo os cientistas que realizaram a pesquisa, ?consumir grandes quantidades de junk food durante a gravidez e a amamentação pode afetar o controle normal do apetite e criar um gosto excessivo por esse tipo de comida nos filhos?. A pesquisa descobriu que as ratas alimentadas com uma dieta de batatas fritas e outros alimentos ricos em gordura, sal e açúcar durante essas fases pariram filhotes que também abusavam dos alimentos doentios.

Na contramão, a apreciação dos alimentos

Nascido na Itália na década de 1980, um movimento tenta ir na contramão da invasão dos restaurantes de fast food. Denominado de slow food, essa filosofia prega a apreciação dos alimentos durante as refeições, assim como o consumo de produtos nutritivos e naturais. Os italianos criaram o movimento depois que o McDonalds abriu seu primeiro restaurante na cidade de Milão. Mas no Brasil ainda não é muito difundido.

?O movimento busca a valorização do gosto da comida e dá preferência para alimentos e ingredientes locais, orgânicos e naturais. É a valorização do alimento?, explicou a proprietária de um restaurante que segue esta filosofia, Monalisa Stefani. Segundo ela, com a padronização dos alimentos certos, produtos deixaram de ser consumidos e conseqüentemente produzidos.

Em seu restaurante, Monalisa tem uma horta, um local de lazer para as crianças e pretende fazer um espaço de convívio para os seus clientes.

Projeto de colégio dá resultados

Conscientizar desde pequeno. Essa é a intenção do projeto da Cartilha Saudável realizado este ano com os alunos da 3.ª série do ensino fundamental do Colégio Martinus, em Curitiba. Depois de observar a alimentação das crianças e com o estímulo dos Jogos Pan-Americanos, as professoras incentivaram as crianças a pesquisar sobre qualidade de vida, envolvendo alimentação, esporte e lazer. A pesquisa dos alunos resultou na cartilha.

?Eles pesquisaram o que era saudável. Percebemos que eles queriam mudar o hábito, mas não tinham estímulo?, contou Suelen Ribas Gehrki, uma das professoras que orientaram os alunos. Depois de pronto, o guia foi impresso e fornecido também às famílias dos alunos. E o trabalho parece ter surtido efeito. ?Eu disse para minha irmã que ela tinha que comer alimentos mais saudáveis. E ela mudou a alimentação?, contou Lucas Mazon Cézar, 9 anos.

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