A pedido do Ministério Público de Ponta Grossa, o juiz José Sebastião Cunha, da 1.ª Vara Cível da cidade determinou ontem, por liminar, que a Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa reative a sua maternidade. Na quinta-feira, a Santa Casa informou a comunidade ponta-grossense que iria fechá-la, e encaminhar os cerca de 130 atendimentos mensais para o Hospital Evangélico, também em Ponta Grossa.
Segundo o advogado da Santa Casa, Emerson Ernani Woyceichoski, o motivo para o fechamento da maternidade é financeiro. Os recursos vindos do Sistema Único de Saúde (SUS) seriam insuficientes, e a cada mês a instituição estaria arcando com um prejuízo entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. O provedor do hospital, Salem Chamma, lembrou que já chegou até a hipotecar sua própria casa para continuar tendo recursos para administrar o hospital.
Pela manhã, o secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier, criticou a decisão da direção da instituição. Durante a solenidade de entrega de mais de R$ 2 milhões em equipamentos para o setor de gestação de alto risco dos hospitais, Xavier classificou a medida como eleitoreira: “Não vamos admitir que o Estado seja refém de atitudes eleitoreiras. Decidiram fechar o serviço sem nenhuma justificativa nas vésperas de uma eleição, mostrando que a preocupação do hospital não é realmente com a saúde da população”, enfatizou.
A chefe da 3.ª Regional de Saúde, com sede em Ponta Grossa, Lenir Monarstirsky, lembrou que a região é uma das que mais receberam apoio do governo atual na área de saúde e, entre as instituições beneficiadas, a Santa Casa é a que mais recebeu verba. “Por isso, não entendemos e não aceitamos essa posição para o fechamento da maternidade.”
Em junho deste ano, o hospital recebeu do Estado diversos equipamentos voltados para a gestação de risco, justamente uma das áreas atendidas pela maternidade. Além disso, a Secretaria de Estado da Saúde repassa desde o ano passado uma verba mensal de R$ 100 mil para auxiliar no custeio da Santa Casa.
As secretarias estadual e municipal da Saúde também estavam negociando parcerias com outros hospitais da cidade, como o Evangélico, caso houvesse uma transferência dos leitos. Inclusive, ontem foram entregues equipamentos para o atendimento de gestantes e recém-nascidos de alto risco para diversos hospitais do Estado, entre eles o Evangélico.
Entre janeiro e julho deste ano, a Santa Casa de Ponta Grossa recebeu uma média de R$ 442 mil por mês, referentes aos atendimentos prestados aos usuários do SUS. O total de recursos nos sete primeiros meses do ano é de cerca de R$ 3 milhões.
Competência
Para a chefe da 3.ª Regional de Saúde, o problema da Santa Casa é de competência administrativa: “O Estado não tem como resolver um problema de administração do hospital. O que sabemos é que outros hospitais da cidade, como o Bom Jesus e o Vicentino, que também atendem ao SUS, estão funcionando com as contas em dia”.
A Procuradoria Geral do Estado (PGE) deverá pedir uma auditoria nas contas da Santa Casa, para saber a situação financeira do hospital. A entidade alega que acumulou uma dívida de mais de R$ 300 mil em oito meses, e que no total a dívida com bancos chega a R$ 4 milhões.
Hospitais públicos recebem aparelhos
Vinte e dois hospitais públicos e beneficentes do Paraná receberam ontem mais de R$ 2 milhões em equipamentos para gestação e nascidos de alto risco. A entrega simbólica foi feita pelo governador Roberto Requião e pelo secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier. O repasse é a segunda etapa de um total de R$ 6 milhões em equipamentos, que fazem parte do programa de atendimento às gestantes de risco da Secretaria da Saúde. No início de junho, dezoito hospitais receberam o equivalente a R$ 1,8 milhão, decorrente do mesmo programa.
São equipamentos de ultra-som, incubadoras, berços aquecidos e monitores cardíacos. O governador destacou os investimentos que têm sido feitos na área: “As estrelas da Secretaria de Estado da Saúde são o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Paraná (Lacen-PR), em Foz do Iguaçu, e o Centro de Reabilitação em Medicina Física do Paraná, em Curitiba”. O Lacen, que será inaugurado nos próximos dias, fará diagnósticos laboratoriais de aids, hepatite, dengue, meningite e água de consumo humano para toda a região da fronteira.
O Centro de Reabilitação em Medicina Física do Paraná permitirá maior rapidez na recuperação de pessoas com necessidades especiais de locomoção motora e reduzirá custos de outros setores da Saúde Pública, além de possibilitar convênios para pesquisa. A unidade terá nível de excelência comparável ao Hospital Sarah Kubistchek, de Brasília, e será construído em área anexa à Associação Paranaense de Reabilitação, no bairro do Cabral.
Equipamentos
No total, 17 municípios foram beneficiados com a entrega do segundo lote de equipamentos. A chefe da 17.ª Regional de Saúde de Londrina, Vânia Gutierrez, acredita que com esses equipamentos será possível melhorar o atendimento na região: “Agora, a qualidade de atendimento para gestantes e recém-nascidos de alto risco será melhorada, e vamos poder oferecer um serviço cada vez mais com qualidade”.
Para os hospitais que receberam os equipamentos, a entrega do material é fundamental. “Isso vai fazer a diferença, agora teremos condições de melhorar o monitoramento dos pacientes”, disse a representante do Hospital Universitário de Londrina, Mariangêla Chenso. Da mesma maneira pensa a diretora administrativa do Hospital Evangélico de Londrina, Marina Ferracin. Ela destaca que esses equipamentos significam vidas que serão salvas: “As chances de cura são maiores com esses equipamentos de ponta”, destacou.
Hospitais do Paraná que receberam equipamentos
Curitiba: Hospital Evangélico, Hospital de Clínicas, Hospital do Trabalhador e Maternidade Vitor do Amaral
Colombo:
Hospital e Maternidade Alto MaracanãPonta Grossa:
Hospital EvangélicoIrati:
Hospital de CaridadeGuarapuava:
Hospital de CaridadePitanga:
Hospital São Vicente de PauloUnião da Vitória:
APMIFoz do Iguaçu:
Santa CasaCascavel:
HUCampo Mourão:
Santa CasaGoioerê:
Santa CasaLondrina:
Hospital Universitário e Hospital EvangélicoMaringá:
HU e Santa CasaCambé:
Santa CasaIbiporã:
Hospital Cristo ReiRolândia
: Hospital São RafaelJacarezinho:
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