Ofício ou paixão

Inventores criam novidades no mercado brasileiro

Telefone celular, motor bicombustível e computador portátil. No passado, essas tecnologias consideradas indispensáveis não passavam de ideias, que perambulavam na mente de engenheiros ou até mesmo de pessoas comuns, que através de um senso aguçado conseguem criar aquilo que ninguém pensou antes. Seja por profissão ou por vontade própria, esses criadores comemoraram, na última semana, o Dia do Inventor.

Daniel Caron
Apoiador de livro já desenvolvido.

Segundo Associação Nacional dos Inventores (ANI), muitos utensílios utilizados no cotidiano foram inventados por brasileiros. Exemplo disso é a Bina telefônica, criada pelo mineiro Nélio Nicolai; o escorredor de arroz, criado pela dona de casa Beatriz de Andrade; e até mesmo a urna eletrônica, desenvolvida por Carlos Prudêncio.

Dentre os grandes inventores brasileiros está Santos Dumont, que além de inventar o avião, foi o responsável por criar o relógio de pulso. Para os festeiros de plantão, a máquina que gela 24 garrafas de cerveja em apenas sete minutos pode ser o melhor exemplo da criatividade do brasileiro.

O Paraná também ganha prestígio quando o assunto é o número de patentes concedidas. De acordo com Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), o registro de patentes no Estado do Paraná vem crescendo nos últimos três anos.

Em 2007, foram patenteadas 618 invenções. O número subiu para 671, em 2008, e saltou para 721 em 2009. O Inpi não tem dados de 2010, uma vez que os pedidos de patente ainda estão sendo avaliados.

Dentre os criadores paranaenses está Luiz Campestrini, ex-professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Inventor por paixão, ele se orgulha de ter ganhado vários prêmios pelas criações feitas ao longo da vida. O Seletor de Água de Chuva é o que ele mais gosta.

“Essa criação foi até para a ONU (Organização das Nações Unidas). O seletor capta a água da chuva, clora e a deixa potável para consumo”, diz. Além dessa, ele destaca a escova para limpeza de caixa d’ água. “Criar é um dom que recebi de Deus. Quando tenho algum probleminha recorro a ele”, reconhece o inventor.

Daniel Caron
Escapamento para dias de chuva.

Eletrônica

Enquanto alguns criam soluções para pequenos problemas enfrentados no cotidiano, engenheiros do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), podem ser considerados inventores profissionais.

O órgão, responsável por abrigar grandes criações nas áreas de engenharia eletrônica, já tem 80 patentes registradas. Mesmo não sendo muito conhecidos da população, aparelhos desenvolvidos no instituto já beneficiaram, indiretamente, milhares de pessoas no Paraná.

Exemplo disso é o Detector de Faltas em Redes de Distribuição de Energia, criado em parceria pelos engenheiros Ivan Chueiri e Vóldi Zambenedetti Junior, do Lactec.

“Criamos esses aparelhos a partir da demanda do nosso cliente. Temos que trazer uma solução inovadora para o problema apresentado, conforme aconteceu com o detector”, explica Zambenedetti Junior.

O aparelho é utilizado para facilitar a localização de falhas na rede elétrica. A tornozeleira para monitoramento de presos e um aparelho com câmeras infravermelho para verificação de redes elétricas são outros destaques do Lactec.

Museu

Mais de 500 invenções diferentes compõem o acer,vo do Museu das Invenções, mais conhecido como “Inventolândia”, em São Paulo. Algumas das criações são malucas, mas outras, pelo contrário, poderão trazer benefícios para a sociedade, tal como o controlador e monitorador do consumo de água, o escapamento para enchente e o óculos para pingar colírio. Os itens curiosos são responsáveis por mais de duas mil visitas por mês registradas pela administração do museu.

Daniel Caron
O inusitado óculos para pingar colírio é uma das novidades.

Não há regras para ser inventor

Para Daniela Mazzei, gerente da Associação Nacional dos Inventores (ANI), não existem regras para se tornar um inventor. “Qualquer pessoa pode ser ou se tornar um inventor.

Geralmente as boas idéias acabam surgindo de alguma necessidade. E a pessoa tem que aproveitar isso”, conta. Quem cria algo deve seguir alguns passos. O primeiro deles é fazer uma busca na internet, no banco de patentes (www.patentesonline.com.br), para checar se a ideia já foi registrada por outra pessoa ou não.

“Caso não tenha sido registrada ainda, é imprescindível que o inventor entre com o depósito de pedido de patente do seu invento no Inpi. É através da patente que ele consegue registrar o produto em seu nome e obter o direito de exclusividade por um tempo determinado, que varia de 15 a 20 anos”, explica Mazzei.

Depois desse prazo, a patente cai em domínio público e qualquer um pode fabricar ou vender. “Com o depósito de patentes feito, o inventor deve procurar divulgar a sua invenção e oferecê-la para empresas do ramo”, ressalta.

Portanto, para quem tem uma boa ideia na cabeça, a gerente passa uma dica. “Não deixem suas idéias guardadas ou engavetadas, pois a sua boa idéia de hoje pode ser o futuro de uma empresa ou de um grande projeto”, diz. Mais informações no site www.inventores.com.br.

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