Insegurança preocupa artesãs na Praça Osório

A falta de policiamento na Praça Osório, centro de Curitiba, tem preocupado artesãs que estão expondo enfeites de natal nas barracas instaladas no local, desde o último sábado. Elas reclamam especialmente do grande número de meninos de rua que ficam na praça, pedindo dinheiro, tomando banho no chafariz e, alguns, até roubando objetos das barracas. Na Praça Tiradentes, onde a feira de natal foi aberta também no sábado, o temor se repete, com um agravante: a falta de iluminação.

A artesã Sirlei Marquetti é uma das vítimas da falta de policiamento. No último domingo, sua barraca – instalada na Praça Osório – foi roubada por menores durante o dia. Ela conta que foram levados dois pequenos pinheiros e um presépio, dando um prejuízo de aproximadamente R$ 25. A artesã que divide a barraca com Sirlei também teve objetos roubados e prejuízo, igualmente, de R$ 25. “Simplesmente quebraram e jogaram fora. Roubaram só por roubar”, conta Sirlei.

“Aqui até tem policiais, mas eles só passam de carro, uma vez durante o dia e outra à noite”, lamenta Sirlei. Ela conta que, em dias de maior movimento, uma das expositoras – são quatro em cada barraca – fica do lado de fora tentando zelar a barraca. No ano passado, ela também expôs enfeites de natal no mesmo local, mas não encontrou dificuldades com relação à segurança como desta vez.

Na barraca onde trabalha a artesã Inês Emílio Guevara, uma guirlanda foi levada, também por menores, na última terça-feira. “O problema é a facilidade que eles têm”, aponta. A artesã conta que ligou para o Resgate Social, que levou os meninos da Praça Osório, mas, em poucas horas, eles já estavam de volta. “Falta policiamento”, declara Inês. A simples presença dos menores, pedindo dinheiro ou comida para os visitantes da feira, já incomoda e atrapalha as vendas. “Eles chegam já estipulando a quantia – R$ 1. Isso assusta os clientes”, diz.

Para as artesãs Maria do Rocio Leal, que expõe enfeites de natal pelo terceiro ano consecutivo, e Cleusa Nassur de Ramos, que participa da feira desde a primeira edição – há onze anos -, a situação é de fato preocupante. “Ainda não pegaram nada daqui porque estamos de olho. Mas está um perigo”, confirma Maria do Rocio. Segundo ela, o posto da PM localizado próximo à barraca fica vazio. “Mesmo que eles estivessem aí, não adiantaria muito. Eles não podem fazer nada contra esses meninos”, lamenta.

Praça Tiradentes

A alguns metros da Praça Osório, a Praça Tiradentes também é alvo de assaltos. Mas eles ainda não chegaram aos expositores da feira de natal. “Muita gente não entra na praça com medo de assalto. Essa fama é muito ruim”, aponta a artesã Sheila Martins, referindo-se ao baixo movimento. Ela conta que está expondo na Tiradentes pela primeira vez e não esconde o medo da violência. “Já vi várias tentativas de assaltos. E depois que anoitece, o temor aumenta”, relata. Para cuidar do local durante a madrugada – quando as barracas ficam fechadas com lona e corda, e com todos os objetos dentro -, cada barraca dispõe de R$ 6 por dia para segurança privada. Na Praça Osório, a taxa é a mesma.

Outro problema da Praça Tiradentes é a pouca iluminação. “Já fizemos um abaixo-assinado e encaminhamos à Fundação da Ação Social (FAS), pedindo mais policiamento, iluminação, mas ainda não tivemos resposta”, conta Mateus Torres, filho de uma das artesãs. Segundo ele, a presença de meninos cheirando tiner e usando outros tipos de drogas afasta os clientes. “Ninguém quer abrir a bolsa para comprar. Eles têm medo”.

O policiamento será reforçado

Lyrian Saiki

O major João Jaime Cabral, subcomandante do 12.º Batalhão da PM- responsável pelo patrulhamento da região central de Curitiba, informou que o policiamento da capital deve receber reforço hoje, quando inicia a Operação de Natal. Serão 275 policiais a mais, dos quais 155 atuarão na área central.

O subcomandante reconheceu a falta de segurança generalizada e atribuiu o problema à deficiência de policiais em todo o Estado. “Temos hoje 700 homens (do 12.º BPM) fazendo o policiamento. Se dobrássemos esse número ainda seria pouco”, comentou. Só no centro de Curitiba, cerca de 200 homens da PM zelam pela segurança.

Quanto à Praça Osório, o subcomandante afirmou que o posto policial atende em período integral e que as câmeras de vídeo, instaladas ao longo da Rua das Flores, também ajudam na segurança. “No policiamento a pé temos pouca gente”, reconheceu. O horário de maior fluxo é entre 16h e 22h. “Nesse espaço de tempo, o policiamento será reforçado”, garantiu.

Com relação aos menores, o major informou que, quando autuados em flagrante, são encaminhados a órgãos especializados para providências legais. “Existe a idéia distorcida de que eles são isentos de penalidades, mas isso não é verdade”.

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