Calor humano

Iniciam as campanhas para arrecadação de agasalhos

Os dias gelados em Curitiba se aproximam e, nesta semana, devem dar uma pequena demonstração da intensidade prevista para a temporada mais fria do ano, com as temperaturas mínimas na faixa dos 10ºC e máximas não ultrapassando 20ºC. Segundo o Instituto Tecnológico Simepar, o inverno curitibano deverá seguir nesse tom e livre das influências de fenômenos como El Niño e La Niña. Entretanto, a temporada também reservará dias de frio rigoroso e é por conta disso que são fundamentais as ações que atendam quem mais sofre com isso: moradores de rua e pessoas de baixa renda.

No próximo dia 8 de maio começa mais uma campanha Doe Calor, sob a responsabilidade do Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC). O objetivo é atender 350 mil pessoas por meio das doações de cobertor, roupas e calçados recolhidos em mais de 1,5 mil pontos entre empresas, comércio e condomínios residenciais que solicitam as caixas da campanha para promover as doações.

No ano passado foram atendidas 346 mil pessoas. “Isso não significa que aumentou o número de necessitados, mas o nível de engajamento na campanha e a nossa capacidade de atender ao público-alvo”, avalia o assessor de informações do IPCC, Sérgio Luiz Zacarias.

Para solicitar a caixa de arrecadação do Doe Calor basta fazer a solicitação pelo (41) 3356-3514. Mas também será possível colaborar por meio de doações em dinheiro ou adquirindo o Vale-Cobertor, no valor de R$ 10. “O Vale-Cobertor já pode ser adquirido no IPCC. Quando a campanha começar, também será comercializado em lojas que apoiam o Doe Calor”, explica Zacarias.

Mas há outras campanhas na cidade. O setor de voluntariado do Hospital Pequeno Príncipe recebe o ano todo doações de roupas, agasalhos e cobertores que são direcionados para crianças e adultos necessitados. O horário de atendimento é de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 20h. Informações pelo (41) 3310-1253.

Maioria prefere viver na rua

Os dias de outono-inverno representam mais serviços para a estrutura da Central de Resgate Social da Fundação de Ação Social (FAS), já que a intensidade do frio leva muitos desabrigados a repensarem sua condição. “Na estrutura que formamos, normalmente sobram vagas, porque a maioria não quer sair da situação de rua para não seguir regras”, explica a coordenadora do Resgate Social, Luciana Kusman.

Pelo acompanhamento da central, mais de 80% dos moradores de rua de Curitiba são dependentes químicos ou de álcool, o que os motiva a recusar o serviço. “O frio contribui para que na busca pelo abrigo a pessoa aceite se tratar e ser encaminhada para um centro terapêutico”, aponta. Porém, menos de 15% dos atendidos chegam a ficar seis meses no local. “A recaída é intensa e como trabalhamos com a filosofia de que o internamento não pode ser compulsório, para cada 1,4 mil pessoas que chegam a pedir ajuda, em torno de 70 continuam por mais de seis meses”.

O Resgate Social também presta assistência a desabrigados nos centros de convivência, como o João Dorvalino Borges (Rua Visconde de Guarapuava, 2674), que promove atividades educativas e esportivas durante o dia e, das 18h às 20h, abre espaço para que entidades filantrópicas sirvam refeições. “Varia de 150 a 250 pessoas alimentadas por noite e as refeições são servidas a todos que chegarem antes de terminar a quantidade de alimentos programados pela entidade da vez”, explica Luciana.

Qualquer cidadão que verificar um desabrigado em situação de risco de morte por frio pode acionar o serviço 24 horas do Resgate Social pelo telefone 156.