Índios de Piraquara ganham terreno

Foi dado ontem um dos primeiros passos para que a aldeia Caruguá, onde vivem cerca de 70 índios guaranis, em Piraquara, vire uma reserva indígena. A Prefeitura fez a doação de um terreno de 40 hectares para a tribo que ocupa a área há 8 anos. Em fevereiro também foi enviado à Diretoria de Assuntos Fundiários da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Brasília, um pré-estudo sobre a viabilidade de se criar a reserva. O reconhecimento da área por parte do governo significa mais investimentos na aldeia.

A vida na aldeia não é fácil. Por se tratar de uma área de mananciais, às margens da barragem Piraquara I, existe uma série de restrições ambientais e os índios vivem basicamente da venda de artesanato. O que ganham é insuficiente e a alimentação é reforçada com cestas básicas cedidas pela Funai. As casas da aldeia são precárias e a energia elétrica só chegou no fim do ano passado com o programa do governo federal, Luz para Todos.

Para que o poder público possa investir ainda mais, é preciso que a área esteja reconhecida e demarcada. O governo do Estado e a Prefeitura já estão elaborando projetos para a construção de casas de alvenaria e desenvolvimento da apicultura. Outro projeto da Secretaria de Estado da Educação visa capacitar professores, já que as aulas ministradas na aldeia são bilingües.

No entanto, segundo o administrador regional da Funai em Curitiba, Glênio Alvarez, o processo de criação da aldeia pode demorar um pouco. Ano passado foi feito um pré-estudo antropológico sobre o grupo, que foi enviado este ano à Funai. Dependendo da análise será criado um grupo de trabalho que fará um estudo mais aprofundado sobre a viabilidade de ser criar a reserva, além de definir o tamanho da área. A doação da área para a aldeia pode encurtar caminhos para a instalação da reserva.

Segundo o prefeito de Piraquara, Gabriel Jorge Samaha, o repasse do terreno foi uma questão de respeito com a comunidade indígena. ?Eles escolheram Piraquara para viver porque acham que aqui tem um significado místico. A aldeia carece de infra-estrutura?, comenta. A partir de agora, o local passa a se chamar ?Espaço Etno Biodiverso M?Bya Guarani Araça-í?.

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