Imprudência aumenta acidentes com caminhões

"A imprudência é uma das principais causas de acidentes de trânsito envolvendo caminhões. Mais do que as condições das estradas, o condutor do veículo é fator determinante para que um desastre deixe ou não de ocorrer." A opinião é do chefe da seção de policiamento e fiscalização da Polícia Rodoviária Federal no Paraná, Gilson Luiz Cortiano.

Segundo dados do Detran-PR, o número de acidentes com caminhões nas estradas paranaenses aumenta a cada ano que passa. Em 2004, foram registradas 5.814 ocorrências em rodovias tanto sob supervisão federal quanto estadual. Em 2003, foram 190 acidentes a menos, em um total de 5.624 registros.

Segundo Gilson, geralmente o excesso de velocidade, ultrapassagens em locais indevidos e falta de atenção são as grandes vilãs. "Muitas vezes, os condutores de veículos de carga não dirigem de forma condizente com as condições das rodovias. A atividade é o meio de vida deles e eles têm pressa, o que acaba gerando acidentes." Uma pesquisa recente realizada pela Polícia Rodoviária Federal revela que a maioria dos acidentes terrestres envolvendo cargas perigosas acontece durante a madrugada, entre meia- noite e 6 horas da manhã. Isso seria conseqüência do estresse, do cansaço, da pressão sofrida por parte das transportadoras e da falta de cuidados que a maioria dos caminhoneiros têm com a própria saúde.

"Uma vez a cada mês, realizamos comandos médicos nas estradas, onde verificamos as condições de saúde dos caminhoneiros. O que podemos constatar é que grande parte dos condutores não se alimenta de forma adequada, não dorme o suficiente e não realiza exercícios físicos. Muitos sofrem de hipertensão, problemas visuais e de coordenação motora. Isso tudo é considerado preocupante", declara.

Outro fator responsável pelos acidentes é a utilização dos chamados "rebites", que são medicamentos estimulantes ingeridos para espantar o sono. Na tentativa de ficar acordados, muitos caminhoneiros acabam tendo uma carga excessiva de trabalho e literalmente dormindo acordados no comando de seus veículos.

Má conservação favorece erros dos caminhoneiros

O vice-presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Paraná (Sindicam), Laertes de Freitas, acredita que os comentários de Gilson sobre as condições de saúde e trabalho dos caminhoneiros expressam a realidade.

Porém, declara que as condições das estradas também são determinantes na ocorrência de acidentes, que vêm aumentando muito nos últimos anos. "Se as estradas fossem melhores e bem sinalizadas, o número de acidentes com certeza seria menor. Não depende somente de imprudência por parte dos motoristas."

Já os caminhoneiros ouvidos pela reportagem de O Estado concordam que a imprudência é a principal causa de acidentes. "São vários os motivos, mas a imprudência é o principal. Numa rodovia, todo cuidado é pouco. A atenção deve estar em primeiro lugar", afirma o caminhoneiro Danilo Cordeiro, há 20 anos na atividade. Ari Marques, há 25 anos na profissão, conta que muitos colegas abusam da sorte. "Muita gente ganha comissão e, devido à pressa, descuida da própria segurança. Sempre é melhor seguir num ritmo mais lento, mas garantir que a encomenda chegue, do que se arriscar por algumas horas a menos e sofrer as consequências". (CV)

Multas para infrações no transporte de cargas

Carregar tijolos, telhas e produtos sólidos a granel – como areia e pedras – em vias de circulação pública com caminhões desprovidos de carroceria coberta com lona ou material similar é considerado infração gravíssima. Apesar disso, é comum flagrar caminhoneiros cometendo esse tipo de irregularidade nas estradas brasileiras e mesmo dentro das cidades. No ano passado, no Paraná, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) registrou 110 ocorrências.

Segundo a chefe do Centro de Instrução, Atualização e Pesquisa da entidade, a tenente Débora Cristina Scremin, a infração está prevista no artigo 231 do Código de Trânsito Brasileiro. O grande risco é que os produtos não protegidos por lona caiam no asfalto e gerem acidentes. "Alguns produtos, ao serem despejados sobre o asfalto, tornam as pistas bastante escorregadias, aumentando os riscos de acidente para outros motoristas que passam pelo local", comenta. "O perigo é grande e sempre aconselhamos para que as cargas sejam armazenadas nas carrocerias dos caminhões da melhor forma possível".

Outra possibilidade de acidente é de o motorista que dirige atrás do caminhão responsável pelo vazamento tentar desviar da substância derramada e, assim, bater em outro veículo ou mesmo perder o controle do próprio carro, saindo da pista. "Telhas e tijolos, quando transportados sem proteção, também representam riscos a pedestres. Além de serem capazes de amassar a lataria de um veículo, podem ferir gravemente uma pessoa que estiver passando a pé nas proximidades da rodovia".

Quem tiver qualquer tipo de prejuízo devido à carga proveniente de veículos com carrocerias não cobertas por lona deve realizar um boletim de ocorrência e anotar a placa do caminhão, podendo acessar os responsáveis na Justiça e solicitar ressarcimentos. Quando a infração é flagrada por agentes do BPTran, o caminhoneiro recebe multa de R$ 191,84, perde sete pontos na carteira de habilitação e tem o veículo apreendido para regularização. (CV)

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