O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) pretende criar um sistema on-line, até o início do ano que vem, para colher informações sobre o destino dos resíduos industriais no estado. O tema foi discutido ontem, em Curitiba, no seminário Gerenciamento de Resíduos Sólidos Industriais, promovido pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).
O último inventário realizado sobre o assunto foi formulado nos anos de 2002 e 2003. Por causa das dificuldades em repetir o mesmo processo nos dois anos seguintes, o IAP está propondo um método on-line. O sistema deve ser implantado até o ano que vem. ?Neste sistema, as empresas lançam os dados, que ficam cadastrados automaticamente. No final do ano, essas informações vão gerar um relatório. Já lançamos um formulário eletrônico, mas a empresa precisa imprimir o documento e entregá-lo no IAP?, afirma Ana Cecília Nowacki, engenheira química do setor de Licenciamento de Atividades Poluidoras do IAP.
Em 2002, o instituto colheu os dados de 600 indústrias em todo o estado, e em 2003, de 150 empresas na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Com esse relatório, foi possível traçar um panorama sobre a quantidade de resíduos, classificação e destino. De acordo com Ana Cecília, um dos problemas detectados é o destino incorreto de alguns tipos de resíduos industriais. Parte desse material ainda é depositada em aterros sanitários ou lixões. ?Isso agrava a situação desses locais, que foram preparados para receber apenas resíduos domésticos. Isso acontece em todas as regiões do estado?, comenta. Ana Cecília destaca que investir no tratamento dos resíduos industriais gera economia para a empresa.
O inventário mostra que as indústrias que mais geram resíduos no estado, concentradas na RMC, estão preocupadas com o destino do material e realizam processos para isso. ?O problema está nas empresas de pequeno porte. Muitas não têm conhecimento sobre o que fazer?, indica Ana Cecília. Os resíduos industriais podem ser transformados em outros produtos. A química Marisa Soares Borges, do Departamento de Engenharia Química da UFPR, lembra que o inventário é essencial para que haja um melhor reaproveitamento dos resíduos. Para evitar danos ambientais, além de gerar economia, as empresas devem colaborar em passar as informações. ?O seminário discutiu a parceria de instituições de ensino, iniciativa privada e o governo para definir as diretrizes do gerenciamento dos resíduos sólidos industriais?, explica.
Para o procurador do Ministério Público e coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente do Paraná, Saint-Clair Honorato dos Santos, a sociedade paranaense precisa saber quais são os resíduos industriais e como estão sendo manipulados.