Campo Comprido

Grupo pede regularização de invasão em Curitiba

Um grupo de cerca de 80 pessoas que estão vivendo no terreno invadido no bairro Campo Comprido, em Curitiba, percorreram ontem pela manhã diversos órgãos públicos na capital.

Carregando cartazes e faixas pedindo providências sobre a regularização da área, o grupo também exigia segurança, pois temem uma possível desocupação com uso de violência. Na última quinta-feira, o clima no local ficou tenso com a notícia de um possível cumprimento de reintegração de posse.

Antes de ir à sede da prefeitura, o grupo protocolou um documento no Ministério Público Estadual e na Procuradoria-Geral do município, pedindo averiguação dos verdadeiros proprietários do terreno.

De acordo com a coordenadora do Movimento Nacional da União Por Moradia Popular, Maria das Graças Silva de Souza, existem muitas informações sobre a propriedade da área. “Não conseguimos detectar o verdadeiro dono e os órgãos públicos têm o dever de mostrar a real situação da área”, disse.

Já na prefeitura, o grupo entregou um documento ao superintendente da Secretaria de Governo, Ivens Pacheco, no qual, além da propriedade do terreno, pedem que a área seja decretada como zona especial de interesse social (Zeis).

“São cerca de 1.500 famílias e seis mil pessoas que estão aguardando. A prefeitura tem que responder esse povo, pois existe uma demanda reprimida por moradia”, falou Maria das Graças.

Aos vereadores, o grupo iria pedir apoio para que a área fosse transformada em uma Zeis e ajuda para que evitassem o despejo das famílias. Segundo Maria, está agendada para segunda-feira uma reunião na Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

“O povo vai resistir e não queremos que Curitiba seja manchada por essa vergonha, que pode resultar em sangue”, afirmou a coordenadora. O presidente da Câmara, João Cláudio Derosso, disse que iria conversar com alguns vereadores para que acompanhassem o grupo no encontro com a Sesp. Além disso, na terça-feira, os manifestantes poderão falar na tribuna da casa.

Maria afirma que, além da preocupação com a segurança, as famílias não terão para onde ir se ocorrer o despejo. No entanto, há registros na prefeitura de que algumas pessoas já foram atendidas pela Companhia da Habitação (Cohab) da Prefeitura de Curitiba.

Um levantamento parcial feito por um oficial de justiça contabilizou 452 famílias, das quais 48 já tinham sido beneficiadas com um imóvel. Em relação a essa situação, Maria diz que é preciso analisar com cautela.

Ela explica que muitas vezes os casais se separam e, por isso, vendem os imóveis ou há também outros motivos que podem levá-los a se desfazer do benefício. Hoje existem 56.900 famílias esperando pelo atendimento. Nesta gestão cerca de 7 mil famílias foram beneficiadas.