O secretário da Segurança Pública, José Tavares, entregou ontem a reforma e ampliação da primeira creche penitenciária do Brasil, destinada aos filhos das internas da Penitenciária Feminina de Piraquara. A iniciativa permite que os filhos fiquem próximos às mães desde o nascimento até completarem seis anos de idade. Tavares também vistoriou a obra da nova ala que até o final deste ano vai aumentar em 120 vagas a capacidade do presídio feminino. Em seguida, visitou os três novos canteiros de trabalho que começaram a operar na segunda etapa do Parque Industrial da Colônia Penal Agrícola, também em Piraquara.
A ampliação da creche penitenciária aumentou de 25 para 40 o número de vagas para filhos de presas, com idade entre zero e seis anos. O investimento na reforma das instalações e na construção de uma nova ala, com mais três salas de aula e um espaço para lazer, foi de R$ 200 mil.
Como as mães trabalham na cozinha e com a limpeza da creche, além do atendimento das crianças, sempre têm tempo para dedicar aos filhos. As presas se revezam em três turnos de trabalho, entre sete horas da manhã e dez da noite. “Aqui a gente pode ficar perto dos filhos e sabe que eles estão bem cuidados, que não falta nada”, disse a detenta Marilda Barbosa, mãe de um menino de 1 ano e 3 meses.
Até os seis meses de idade os bebês dormem com as mães, em celas especiais, para serem amamentados. Quando completam sete anos as crianças deixam a creche. Em boa parte dos casos junto com as mães, que já cumpriram toda a sentença. A maioria das detentas está presa em média por três anos, por tráfico de drogas.
Aprendizado
A creche, instalada na frente da Penitenciária Feminina, proporciona às crianças uma rotina de aprendizado, recreação e acompanhamento pedagógico. Elas são visitadas por outros familiares e brincam em um parquinho infantil. As que entram em idade escolar freqüentam uma escola pública no município de Piraquara.
“As crianças são amparadas. O atendimento e a educação são importantes, ainda mais quando nós estamos passando por este período de crise na vida”, disse Sônia Mara, que já cumpriu um quarto da pena de 12 anos, uma das mais longas da unidade.
A idéia de criar uma oportunidade para que as crianças convivessem com as mães durante a infância foi colocada em prática em 1983, com o uso de uma área específica dentro da capela do presídio. Foi em 1990 que a creche foi construída, com espaço adequado para alojamento e área de lazer.
Mudanças
Com a reforma, uma nova ala foi construída e a antiga, modificada e aparelhada. Os móveis e equipamentos foram substituídos, a área pedagógica foi readequada e os banheiros adaptados ao tamanho das crianças, que também ganharam um pátio coberto para brincar nos dias de chuva. Tudo devidamente colorido e decorado de acordo com a faixa etária das turmas.
Além do trabalho das mães, a creche conta com uma pedagoga, duas professoras, uma auxiliar de enfermagem e duas agentes de segurança.