Governo afirma que não tolerará armas no campo

A ouvidora agrária nacional, Maria de Oliveira, disse ontem, em Curitiba, que o governo “não vai tolerar” armamento de produtores rurais. “O armamento é abusivo à sociedade”, afirmou. “A reforma agrária é irreversível e será feita pelas formas legais.” Ela se referia principalmente ao grupo Primeiro Comando Rural (PCR), que está sendo criado no interior do Paraná, mas citou que há onze Estados seguindo esse comportamento. “A ouvidoria está acompanhando”, avisou.

Os agricultores que iniciaram o movimento no centro-oeste paranaense têm mais uma reunião na tarde de hoje em Palmital, a 450 quilômetros de Curitiba. O presidente da Associação de Produtores de Laranjal, na mesma região, Humberto Sá, disse esperar que mais proprietários sejam convencidos da necessidade de se organizar para a defesa das terras contra o Movimento dos Sem-Terra (MST). “Na pior das hipóteses, já conseguimos imobilizá-los”, afirmou Sá. De acordo com ele, há cerca de 20 dias, aproximadamente 600 famílias de sem-terra começaram a se instalar na estrada de 25 quilômetros que liga Palmital a Laranjal. “Eles fazem barreira na estrada e agridem com xingamentos”, disse. “O acampamento está crescendo violentamente.” Segundo Sá, a intenção do MST é realizar uma invasão simultânea em várias direções no mesmo dia. Para evitar surpresas, os produtores fizeram uma coleta financeira e contrataram aproximadamente 50 seguranças armados. “Mas a primeira opção é a via política”, afirmou o presidente da associação.

Um ofício foi enviado ao governo do Estado relatando a situação e pedindo proteção, mas a associação ainda não recebeu resposta. Segundo ele, os seguranças têm registro de arma e guia de transporte. “Não jogamos com a mesma fraqueza deles (MST)”, acentuou.

Sem diálogo

Sá disse que quer um contato com a Comissão Especial de Mediação das Questões da Terra, do governo do Estado. “Não queremos guerra, não queremos confronto, queremos continuar trabalhando”, afirmou. Ele também quer uma conversa com representantes do Incra. “Queremos compor, e o Incra para nós é composição.”

O secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Padre Roque Zimmermann, disse que a comissão não receberá o PCR, por não reconhecê-lo como movimento social. “Mas vamos nos manter informados.” A ouvidora agrária nacional pelo contrário, disse que vai conversar com as lideranças do movimento. “Queremos ouvir todas as partes para evitar o confronto”, afirmou Maria de Oliveira.

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