Rombo no orçamento

Fruet criará comissão para analisar e definir preço da tarifa em Curitiba

No primeiro dia útil do ano, o usuário de transporte coletivo estava na bronca com o iminente aumento nas passagens programado para os primeiros meses deste ano. No domingo, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Curitiba e Região Metropolitana publicou nota nos principais jornais da cidade expondo a crise financeira do setor e defendendo que para cobrir os custos do sistema, a tarifa técnica teria de ser de R$ 3,10.

Em entrevista antes da posse, o prefeito Gustavo Fruet (PDT), afirmou que inevitavelmente a tarifa de transporte coletivo irá aumentar, mas garantiu que o preço da passagem não chegará a R$ 3,10. Fruet também anunciou a formação de comissão, composta pela nova administração e o Ministério Público Estadual para analisar o assunto definir o novo valor da tarifa.

Estudo

Em meio a esse cabo de guerra, o usuário do transporte público reclama do possível reajuste. O pedreiro Wanderley Rodrigues Lima, que pega todos os dias o biarticulado da linha Pinheirinho-Rui Barbosa, afirma que o rombo em seu orçamento será grande caso o aumento seja confirmado. “Sou autônomo e tiro do bolso meu vale transporte. Então vai ficar brabo pra mim”, conta.

A auxiliar administrativa Izabel Sanitá da Rocha diz que é preciso um estudo completo em todos os gastos da prefeitura antes de reajustar a tarifa de transporte coletivo. “O poder público tem tantos ralos financeiros que é preciso checar onde está o desperdício e para de gastar. E com essa economia, melhorar o transporte público”, relata.

Empresas criticam Urbs

Para as empresas de ônibus, só há uma maneira de evitar que a tarifa do transporte coletivo chegue a R$ 3,10: mais subsídios do poder público. Ontem, em entrevista coletiva, o sindicato que representa os empresários do setor (Setransp) voltou a reclamar do rombo de “dezenas de milhões de reais” nas contas das empresas e reforçou as críticas à gestão da Urbs.

Segundo o Setransp, há grande defasagem nos valores dos contratos em vigor, assinados em outubro de 2010. “Desde então, houve aumento no número de veículos, extensão das linhas e, consequentemente, contratação de mais funcionários. Mas as empresas não receberam por esses investimentos”, diz o presidente da entidade, Dante José Gulin. O sindicato diz que há anos vêm alertando a Urbs que a tarifa praticada hoje não cobre os custos do sistema.

Contra

Ontem, as empresas reforçaram o discurso que são contrários à alta da tarifa. “Somos frontalmente contra o aumento”, ressalta Gulin. “Tarifa mais alta significa menos passageiros, menos receitas às empresas e mais prejuízos. Tem que haver aumento de subsídios, porque o transporte é serviço público. O Estado tem o dever de oferecer, sem cobrar do cidadão custo tão alto.”

Temor de colapso

O sindicato diz que irá apresentar na quinta-feira estudo encomendado a economistas da USP, com todos os números referentes ao sistema de transporte na Região Metropolitana de Curitiba. “Antes queremos apresentá-los à administração. Estamos ansiosos para conversar com o prefeito Gustavo Fruet. Apoiamos a auditoria no sistema, que inclua também a Urbs, e queremos participar”, diz Gulin.

Para o presidente do Setransp, o sistema corre risco de entrar em colapso. “Tenho até medo de falar. Estamos muito preocupados.” Segundo Gulin, as empresas podem ser obrigadas a reduzir o número de veículos nas ruas. “ Os problemas operacionais serão consequência. Não tem dinheiro pra manter o sistema funcionando”, conclui.

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