Fim de ano pode remeter à solidão

Natal significa confraternização. É um momento para passar mais tempo com a família e amigos. Consiste em uma oportunidade para celebrar a vida, lembrando do nascimento de Jesus.

Mas nem sempre esta é uma fase alegre para muitas pessoas, que ficam tristes e se sentem sozinhas quando o Natal e as comemorações de final de ano chegam. Isso acontece por diversos motivos, como ser obrigado a ficar longe da família, estar brigado com amigos e parentes ou até por um padrão de comportamento.

A psicóloga Mariana Patitucci Bacellar explica que cada um possui um modelo de vida e uma relação com a época do final do ano. Existem casos de pessoas que lembram muito de familiares e amigos que já morreram ou de situações do passado. E isso causa tristeza por não poder reviver aquela cena ou não contar com a presença da pessoa querida.

“Há pessoas que lamentam a perda de outras nesta época do ano e às vezes levam isso para a vida inteira. Todo Natal é dessa maneira. Assim como tem pessoas que se lembram daquelas que já foram, mas nunca perderam alguém. A maioria dos indivíduos que não gosta do final de ano é mais por causa de um modelo familiar”, ressalta.

Família

Os problemas de relacionamento tornam-se outro fator para tristeza e solidão na época das festas. “No dia-a-dia, a pessoa não percebe isso, mas vai ter que obrigatoriamente lidar com o fato de estar sozinha no final do ano. Aí que ela se dá conta e pensa que todo mundo tem alguém com quem se reunir, e ela não”, diz a psicóloga.

O frei Alvadi Marmentini, da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, ainda cita a desestrutura familiar como uma das origens da solidão no final do ano. “Isso entristece muito e aumenta nessa época do ano. São muitas brigas e conflitos dentro da própria família. As cidades grandes também desagregam as pessoas. Nascemos para nos relacionarmos e, se isso não acontece, nós ficamos tristes, sentimos aquele vazio. Aí aparece a baixa auto-estima.”

Por causa de todos estes fatores, alguns ainda encaram esta época com desprezo, dizendo que o Natal é apenas mais um dia. “Isto ocorre também com data de aniversário. Quando a pessoa despreza, ela quer que este dia passe despercebido”, comenta Mariana.

Sem solidão

Quem se encontra nessas situações não precisa necessariamente passar Natal e Ano Novo sozinho e triste. Uma iniciativa que pode ajudar vem da Paróquia Nossa Senhora das Mercês, que organiza o Natal e o Réveillon dos Solitários.

Aparecem nas festas pessoas de todas as idades e classes sociais. “Surgem amizades a partir das festas. Aconteceu até um casamento”, relata frei Alvadi. Não é preciso levar nada para os eventos. Mais informações no telefone (41) 3335-5752.

Tristeza é normal. Mas não rotineiramente

Quando a tristeza vem, ela pode e deve ser vivida. Afinal, sentir tristeza não tem nada de errado, explica a psicóloga Mariana Patitucci Bacellar. “Existem as pessoas que se isolam, vivem aquela tristeza e aquela solidão. E depois tudo isso passa e ela segue normalmente com a vida. Já algumas contam para todo mundo que estão sozinhas, como se fossem pedir colo. E acabam sendo acolhidas”, manifesta.

Isolamento

Quem está por perto ou o próprio indivíduo que sente tristeza excessiva deve começar a se preocupar somente quando o isolamento aparece em todas as datas comemorativas e momentos significativos.

“Se é um dia, tudo bem. Refletir sobre as coisas não é negativo. Não é ruim sentir tristeza, mas tem que falar “ok, a partir de agora vou melhorar’. No entanto, se tudo é motivo para se isolar ou se a pessoa reclama de tudo, isso se torna um padrão e acaba preocupando. Há pessoas que não conseguem sair disso. O foco fica na reclamação e n&,atilde;o na solução. E tudo isso causa sofrimento”, revela Mariana.