Filhotes de lobo-guará nascem no zôo da capital

Funcionários do Zoológico Municipal de Curitiba tentam salvar a vida de dois filhotes de lobo-guará, espécie brasileira ameaçada de extinção, que nasceram no último dia 10. A mãe, Tibagi, deu à luz quatro bebês mas aceitou apenas um deles, abandonando os demais logo após o nascimento. Um filhote morreu com poucos dias de vida e os dois rejeitados pela mãe estão sob cuidados especiais e atenção redobrada de biólogos e veterinários.

Os pequenos animais rejeitados pela mãe ficam na incubadora do Passeio Público, parque da área central da cidade, isolados do contato com visitantes. A alimentação ? à base de leite, proteína e vitaminas ? é fornecida por mamadeira.

Os filhotes também recebem estímulos que ativam as funções fisiológicas. Diferentemente do que ocorre na natureza, é comum, segundo a bióloga do Passeio Público, Maria Lúcia Faria Gomes, que animais de zoológicos abandonem as crias. São vários os fatores responsáveis por esse comportamento, mas a causa principal é o estresse.

Sem a mãe, os filhotes perdem o leite materno que proporciona a imunidade necessária. É ainda ela que estimula as funções dos animais, que crescem com o comportamento alterado e menos selvagens.

A sobrevivência dos dois filhotes é uma incógnita para os veterinários e biólogos da prefeitura. “É impossível substituir os cuidados maternos, mas providenciamos que está ao nosso alcance para que os filhotes possam sobreviver e ter um desenvolvimento saudável”, fala a bióloga.

O pai desses lobos passou pelo mesmo processo dos filhos. Ele foi criado na mamadeira pelos funcionários e vive hoje no Zoológico Municipal. Tibagi também precisou de tratamento intensivo. Ela recebeu esse nome porque foi achada em uma fazenda do município de Tibagi, na região dos Campos Gerais, enroscada numa árvore.

“Ela chegou com apenas três meses e estava muito debilitada, com lesões no tecido da pele e sem movimento nas patas dianteiras”, conta Maria Lúcia. Para se recuperar foram necessários quatro meses de tratamento, incluindo fisioterapia.

A mãe dos lobos está com o filhote também em recinto isolado do público no Zoológico Municipal. De acordo com Maria Lúcia, filhotes de lobo-guará são amamentados pela mãe durante um mês, aproximadamente, mas só se tornam independentes depois de um ano.

Assim que se desenvolverem e adquirirem imunidade, os dois lobinhos que estão sob cuidados especiais no Passeio Público serão transferidos para o Zôo, que passará a contar com sete indivíduos dessa espécie.

Lista vermelha

O lobo-guará, que faz parte das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, representa a maior espécie de canídeo da América do Sul, chegando a medir 1,25 m de altura, e podem pesar mais de 25 quilos. No Paraná sua ocorrência natural é na região dos Campos Gerais.

A caça predatória e, principalmente, a agricultura extensiva, faz com que os lobos-guará percam seu habitat natural, sem o qual não podem sobreviver.

A gestação dos lobos-guará dura 65 dias em média. Os filhotes nascem com pelagem inteira preta e com a ponta do rabo branca. Nesse estágio são muito parecidos com filhotes de cães. No entanto, após um mês de vida, acabam ficando avermelhados, com pescoço, dorso e patas pretas. Suas pernas finas e cumpridas lembram a raposa.

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