Farmácia x drugstore: a briga continua

Quando algumas farmácias, na década de 90, adotaram o conceito de drugstore ou loja de conveniência – estabelecimento que, mediante auto-serviço ou não, comercializa diversas mercadorias, como alimentos em geral, produtos de higiene e limpeza e apetrechos domésticos – não esperavam que isso se tornasse uma febre no Brasil. A oferta de medicamentos e produtos ditos de primeira necessidade atrairam a simpatia do público, e principalmente, de grandes redes do setor. Mas mesmo com o sucesso que garantem ter, o mercado parece que está vivendo um retrocesso, e as farmácias consideradas tradicionais estariam voltando a ganhar terreno no Estado, segundo o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF/PR), Dennis Armando Bertolini.

De acordo com ele, muitos estabelecimentos que optaram pela drugstore agora estão voltando atrás e trabalhando exclusivamente com medicamentos. ?Isso é um indicativo que esses outros produtos oferecidos pelas drugstores não agregam valor ao estabelecimento?, comenta. Além disso, Bertolini afirma que as farmácias não podem competir em termos de preços e variedade com os supermercados.

O presidente do CRF/PR cita com exemplo o caso das farmácias Minerva, que pertencem ao grupo Drogamed – que foi uma das primeiras a implantar o conceito de drugstore no País -, e que não estão trabalhando com produtos de conveniência. Porém, o grupo Drogamed não admite formalmente essa mudança e esclarece, através de sua assessoria de imprensa, que o retorno da Minerva é o resgate de uma marca tradicional no Paraná, que terá como foco a saúde, ofertando para isso apenas medicamentos e produtos de beleza e bem-estar.

O empresário Aparecido Camargo, que foi quem introduziu a drugstore no Brasil, não acredita que o setor esteja voltando atrás. ?Muito pelo contrário, vejo que todo mundo copiou o conceito?, revela. Camargo lembra que a idéia das farmácias com lojas de conveniência surgiu depois que ele conheceu o modelo nos Estados Unidos. ?Na época, a Câmara de Vereadores de Curitiba estava discutindo um rodízio de plantões de farmácias nos bairros. Eu sugeri as drugstores, que poderiam ficar abertas a qualquer horário e ainda ofereciam algo a mais, já que não existiam supermercados abertos até mais tarde?, conta.

Além disso, complementa, ?os produtos de conveniência ajudam no faturamento dos estabelecimentos?. Segundo ele, esse tipo de produto representa 12% do lucro nas farmácias, o que viabiliza manutenção das lojas. Em relação aos supermercados, o empresário assinala que muitas vezes os preços são competitivos, mas que a idéia central é a agilidade e praticidade. ?Quem quer comprar apenas um refrigerante não vai enfrentar longas filas para isso?, finaliza.

Voltar ao topo