Faltam professores nas universidades

O início das aulas, ontem, nas seis universidades e sete faculdades estaduais trouxe à tona, novamente, o problema da defasagem salarial e conseqüente falta de professores. As instituições estão fazendo testes seletivos para contratar professores temporários para que as salas de aulas não fiquem vazias. Já as entidades que representam os docentes vão amanhã à Assembléia Legislativa, em Curitiba, reivindicar que os deputados estaduais derrubem o veto ao projeto de lei aprovado em dezembro do ano passado que previa aumento salarial à categoria.

?Queremos que o salário dos professores universitários estaduais seja equiparado com a remuneração dos técnicos administrativos com nível superior que trabalham nas universidades. Como o projeto foi vetado pelo governador Roberto Requião, queremos conversar com os deputados porque a nossa situação está muito ruim?, explicou a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público de Londrina e Região, que representa os professores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Inês Almeida. Segundo a professora, o salário inicial de um professor estadual sem cursos de pós-graduação é de R$ 960, enquanto do servidor é de R$ 1,8 mil.

O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Superior de Maringá, que representa a Universidade Estadual de Maringá (UEM), Henrique Radomanski, afirmou que enquanto ?os servidores foram contemplados com plano de cargos e salários, os professores não têm a reposição das perdas salariais desde 1997.? Por isso representantes dos sindicatos foram ontem à Assembléia para conversar com os deputados. Amanhã, eles vão usar a tribuna durante a sessão para expor seus problemas. ?Queremos pelo menos abrir negociação. Caso o governador consiga manter o veto devemos nos mobilizar para uma greve?, afirmou Radomanski.

Conseqüências

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) perdeu, em cinco anos, 172 doutores e mestres. O Departamento de Informática da UEM perdeu 14 doutores nos últimos anos. Na UEL, também nos últimos anos, somente do curso de Engenharia Elétrica saíram sete doutores. Já a Universidade Estadual do Oeste (Unioeste) perdeu 144 professores. Os números, repassados por sindicatos e reitores, mostram o problema da defasagem salarial.

Em conseqüência do baixo salário, os professores das universidades estaduais preferem tentar concurso público nas instituições federais ou migrar para a iniciativa privada. ?Estamos tendo evasão principalmente dos professores com mestrado e doutorado. Daí o governo contrata professores precários. Hoje, em média, 30% dos professores das universidades são contratados. O que era eventual virou regra?, reclamou o presidente do Associação dos Docentes da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Denny Willian da Silva.

?No dia 17 de janeiro tivemos uma reunião com o governador e ele pediu que a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior fizesse uma planilha sobre a situação dos professores. Ainda não tivemos retorno, mas esperamos uma resposta positiva. Contamos com a afirmação dele na posse este ano de que os professores da rede estadual terão a melhor remuneração do Brasil?, afirmou o reitor da UEL, Vilmar Marçal. O reitor explicou que as universidades estaduais levam de 10 a 15 anos para formar um doutor e as particulares já pegam o profissional pronto.

Governo

O diretor-geral da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Jaime Pacheco, explicou que desde o ano passado o governo está promovendo concursos públicos e, com isso, vai substituindo os temporários. Pacheco garantiu que o governo deve rever este ano a questão salarial e que tem as universidades federias e estaduais paulistas como parâmetro salarial, mas ressaltou que é preciso respeitar as questões orçamentárias do Estado e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Quanto ao veto ao projeto de equiparação salarial, o diretor-geral afirmou que a Assembléia não pode legislar sobre questões salariais, que torna o projeto inconstitucional.

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