Faltam médicos geriatras em Curitiba

Um médico para 10 mil pacientes. É mais ou menos esta a proporção de geriatras para cada curitibano que já ultrapassou a barreira dos 60 anos. Em toda a capital paranaense, são apenas 17 profissionais especializados no atendimento aos idosos e só cinco deles fazem o atendimento em hospitais públicos.

A quantidade reduzida destes especialistas não deixa de ser um reflexo da falta de hospitais que oferecem residência em geriatria. No Paraná, apenas o Hospital Cajuru, vinculado à Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), oferece esta modalidade de especialização, desde 2004. E são apenas três vagas. Em todo o Brasil, 16 instituições oferecem a residência.

Segundo o chefe do Serviço de Geriatria do Hospital Cajuru, José Mário Tupiná Machado, o número reduzido de profissionais no mercado está relacionado à cultura do brasileiro. ?Acontece com a geriatria o que antigamente acontecia com a pediatria. O clínico geral tratava de todos, inclusive crianças. Só com o tempo alguns deles foram se especializando no tratamento infantil. É uma questão de hábito?, acredita.

Hoje a maioria dos idosos é atendida por clínicos gerais, que os encaminham para outros especialistas, dependendo do mal que a pessoa sofre. ?Há o tratamento das doenças, não dos pacientes idosos em si. E é essa a grande missão do geriatra: cuidar do idoso, dando a ele uma melhor qualidade de vida?, resume.

A falta de conhecimento sobre a especialidade por parte da população acaba abrindo espaço para aqueles que o Dr. Tupiná chama de ?aventureiros?. ?Há pessoas que confundem a cabeça de quem já passou dos 60, oferecendo fórmulas mágicas da juventude, rejuvenescimento. A pessoa não vai deixar de envelhecer, ela pode sim envelhecer com saúde?. Ele conta que essa venda dos falsos elixires da eterna juventude contribuiu para que a geriatria demorasse para ganhar o respeito da própria classe médica.

Hoje o cenário vem mudando e, aos poucos, os jovens profissionais abraçam a especialidade. Para se especializar em geriatria, o médico deve obrigatoriamente passar pelos dois anos de residência em clínica médica. No total, são 10 anos de dedicação. O geriatra Caio Silveira de Lacerda, que se formou este ano, encarou o desafio e explica que muitas vezes, o trabalho do geriatra ultrapassa os cuidados com prevenção e tratamento de doenças relacionadas à velhice, como osteoporose, Mal de Parkison, hipertensão arterial ou catarata. Entre os idosos, é comum casos de depressão. ?O geriatra tem preparo para identificar problemas que não estão relacionados à área médica, mas que são a raiz do problema?. 

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