Estudantes precisam de lanche mais saudável

Daqui há três meses as escolas em Curitiba podem ser obrigadas a oferecer em suas cantinas comerciais lanches mais saudáveis. As frituras, salgadinhos e refrigerantes devem ser substituídos por frutas, sucos e assados. O projeto de lei, do vereador Osmar Bertoldi, está sendo avaliado nas comissões da Câmara, depois vai para votação em plenário e depende da aprovação do prefeito Cássio Taniguchi. Bertoldi afirma que 12% das crianças e adolescentes das escolas curitibanas estão acima do peso.

A nutricionista Jaqueline Carcereri apóia a iniciativa do vereador e confirma que cada vez mais os pequenos estão ganhando peso. A alimentação inadequada e a falta de atividade física contribuem para isto. Ela ressalta ainda que esta é a fase em que se formam os hábitos alimentares e a escola pode contribuir para a mudança.

Jaqueline afirma que para atingir o objetivo é necessário um trabalho de conscientização envolvendo escola e família. Já que o aluno pode não ter acesso a estes alimentos no colégio, mas traz de casa. A nutricionista aconselha que o gosto da criança deve ser levado em conta e o lanche alternativo deve ser saboroso e atrativo. ?Será um trabalho de conquista?, argumenta.

Conscientização

No Colégio Estadual Leôncio Correia, existe o lanche oferecido pela escola e o da cantina comercial. Para o diretor Ivo Pitz antes da lei entrar em vigor é preciso realizar uma campanha, que pode estar prevista no próprio projeto. ?O proibido é sempre mais agradável?, diz. O estudante Diogo Berta Pitz, de 12 anos, concorda. Para ele a escola deve oferecer os dois lanches e o aluno deve optar pelo que quiser. ?Se for obrigado, não vai ter resultado. Aos poucos, a mudança virá?, defende.

Mas a mãe Silvana Lopes Santana é a favor de tirar de imediato estes lanches. Ela conta que ensina em casa e oferece alimentos mais saudáveis, mas só a conscientização não adianta. Fala que se ela der dinheiro para eles optarem, os refrigerantes e salgadinhos ganham a preferência. ?Por isso procuro sempre mandar algo de casa?, argumenta. Ela também quer que seja proibido ambulantes vendendo doces ao redor da escola.

Beatriz Seika tem uma filha de 11 anos que sofre com o problema de obesidade. Ela está gostando da lei, sabe que a filha compra lanche escondido e diz que é difícil controlar. ?Não há alimentos alternativos para eles?, reclama. Mas Beatriz reconhece que uma campanha de orientação seria positiva.

O aluno Dyen Reblin, 14, admite que prefere pastel, coxinha e refrigerante. Quando há aula vaga, vai até a cantina e enche os bolsos de balas e chicletes. ?Sei que não é saudável, mas procuro não exagerar?, justifica. Mas para ele a novidade é uma boa, mas terá que se acostumar. ?Teremos que mudar nossos hábitos?, reconhece.

A APPF (Associação de Pais e Professores e Funcionários) controla o dinheiro da cantina, revertendo o lucro sem benefícios para a escola. Para a vice-presidente Arlete Reblin, se as mudanças forem implantadas o movimento vai diminuir no começo, mas com o tempo ela acredita que a situação volta ao normal, com a vantagem de comercializar coisas mais saudáveis. Ela só espera que uma nutricionista esteja à disposição para elaborar um novo cardápio. Segundo Bertoldi, a idéia é que as escolas contem com o apoio deste profissional.

As crianças obesas estão sujeitas a várias doenças como aumento de colesterol, problemas cardíacos, diabetes e até de constituição óssea. Eles ainda estão sujeitos à discriminação por parte de colegas.

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