Estudantes desocupam prédio da reitoria da UFPR

Terminou ontem, após cinco dias, a ocupação da Sala dos Conselhos do prédio da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por um grupo de estudantes descontentes com o resultado da eleição para reitor. Eles estavam no local desde sexta-feira (02), e aceitaram sair depois de uma audiência mediada pelo juiz federal Friedmann Wendpap, da 1.ª Vara Federal de Curitiba, entre os representantes legais da instituição e do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Após a retirada, que transcorreu de forma pacífica, uma comissão avaliou as condições em que o prédio foi entregue, não constatando grandes danos.

Como o resultado da eleição foi homologado pelo colégio eleitoral na última terça-feira, o protesto dos estudantes, que exigiam a espera do resultado de uma sindicância aberta para apurar denúncias no processo eleitoral que confirmou a reeleição do Carlos Augusto Moreira Júnior, perdeu força, e a preocupação era sair do prédio sem receber punições. "Esse era o principal empecilho nas negociações até agora", afirmou o pró-reitor de planejamento, orçamento e finanças, Zaki Akel Sobrinho.

Sobrinho sentiu-se aliviado pela saída dos manifestantes sem o uso de força. "A UFPR reconheceu o caráter político da manifestação, e não irá punir os alunos pela ocupação". Mesmo assim, uma comissão formada por representantes da universidade e alunos irá avaliar os estragos ocorridos no protesto do dia 30 de novembro, quando estudantes tentaram invadir o prédio pela primeira vez e houve confronto com a Polícia Federal. "Caso haja provas de prejuízos causados nessa data por alunos, os responsáveis serão punidos", afirmou.

No próximo dia 15, reitor e representantes do DCE deverão novamente se apresentar ao juiz para chegar a um acordo sobre essa questão.

Sindicância

O pró-reitor garantiu que todas as denúncias de irregularidades na eleição serão apuradas por uma sindicância aberta pelo conselho universitário, e afirmou que deve indicar representantes dos alunos para participar das investigações. O DCE acusa Moreira de ter utilizado recursos da universidade para se reeleger. "O resultado dessa sindicância virá do conselho universitário, para que não haja dúvida da sua veracidade". Porém, em termos práticos, ela não deve mudar o resultado da eleição mesmo que apareçam irregularidades, já que o Ministério da Educação não reconhece o processo.

E, mesmo não tendo impedido a confirmação da eleição para reitor, que deu a vitória a Moreira com 46%, os estudantes envolvidos na manifestação comemoraram o ato. "Saímos do prédio vitoriosos", avaliou o coordenador do DCE, Bruno Meirinho. Ele explicou que o objetivo de questionar o processo eleitoral na universidade foi atingido e apontou que as próximas eleições já devem trazer mudanças.

Prazos

A direção da UFPR divulgou, ontem, que a ocupação do prédio da reitoria prejudicou as atividades administrativas da instituição e que alguns prazos pendentes para execuções jurídicas e acadêmicas poderiam acarretar numa perda de mais de R$ 6 milhões. "Só com perdas de prazos em processos trabalhistas, devemos ter perdido cerca de R$ 1 milhão", revelou o pró-reitor.

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