Estoque do Banco de Sangue do HC registra queda de 50%

O estoque do Banco de Sangue do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) caiu em 50%. Várias cirurgias eletivas tiveram que ser desmarcadas e a baixa nas doações também está colocando em risco as intervenções de emergência. O hospital teve até que recorrer a bancos de cidades do interior do estado.  

O médico do serviço de hemoterapia, Marcelo Veiga, pede que a população vá até o hospital e ajude a restabelecer os estoques de sangue. Há um mês, o estoque do banco de sangue começou a baixar e agora chegou a um nível crítico. Todos os dias cerca de 70 pessoas procuravam o HC para fazer a doação, mas nos últimos dias o número caiu pela metade. Veiga diz que a situação se repete de tempos em tempos, principalmente em períodos de férias e de feriados prolongados. Em parte, o problema se deve à cultura do brasileiro. ?Em países desenvolvidos, os pais levam os filhos junto quando fazem a doação. É um hábito e um dever que passa para os mais novos?, explica.

Os números ilustram bem a situação. Cerca de 80% dos doadores do hospital são de pessoas que estão repondo o estoque porque algum parente ou amigo fez uma cirurgia e apenas 20% são doadores espontâneos. ?O problema seria resolvido se houvesse a inversão desses números?, explica o médico. Segundo ele, Maringá é uma das poucas cidades brasileiras em que isso já acontece.

Outro problema da falta de doadores espontâneos é que boa parte das pessoas que fazem cirurgias vem do interior do estado e não conhecem ninguém na capital que possa ajudar a repor o estoque, agravando ainda mais a situação do banco. Enquanto o estoque não chegar a um nível seguro, o hospital segue desmarcando cirurgias eletivas: em média são feitas 888 por mês.

Uma pessoa que faz um transplante de fígado ou de medula óssea, por exemplo, precisa de cem doadores. ?Já tivemos que recorrer ao banco de sangue de hospitais do interior do estado?, comenta Veiga.

Ester Goulart Alves, 31 anos, é uma das doadoras que pertence ao grupo dos 80%. Na primeira vez que doou ajudou um parente e agora estava doando para um parente de um conhecido. ?Estou ajudando porque o sangue se repõe rapidinho. Hoje é ele quem precisa e amanhã pode ser eu?, comenta.

Para doar sangue, o candidato passa primeiro por uma entrevista para avaliar as suas condições de saúde. Doenças como diabetes, hepatite B e C, aids e doença renal crônica inviabilizam o procedimento. É preciso também ter entre 18 e 65 anos, pesar no mínimo 50 quilos, estar alimentado e apresentar documento oficial de identidade. Os homens podem doar até quatro vezes por ano, a cada 90 dias, e as mulheres três vezes ao ano, a cada 120 dias.

Todo o procedimento dura em média 30 minutos, desde a entrevista até a doação. O hospital fornece lanche e dá um atestado de dispensa ao trabalho. Mas segundo o médico, na maioria dos casos, a dispensa é necessária apenas às pessoas que precisam da concentração no trabalho e que podem colocar em risco a vida de outras pessoas, como motoristas. 

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