Caminho das pedras

Espera pela casa na Cohab leva de três a quatro anos

Programas habitacionais facilitam a burocracia e oferecem condições melhores para que o cidadão consiga a casa própria, porém, é preciso ter paciência para realizar o sonho. A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) é um dos meios para conquistar a casa própria, bem como o programa federal Minha Casa, Minha Vida. Na Cohab, a média de espera para quem não está na faixa 1, é de 3 a 4 anos para ser contemplado.

Apesar do processo de inscrição ser simples, erros comuns podem dificultar ainda mais este caminho. Uma das principais falhas dos interessados é quanto à declaração de renda. “As pessoas não podem mascarar a renda e isso acontece muito. Aí quando a pessoa é contemplada, os dados não batem e ela perde a oportunidade, pois muitas vezes não se encaixa na faixa que se inscreveu. É preciso declarar os dados reais”, alerta Ubiraci Rodrigues, diretor-presidente da Cohab. Tomando os devidos cuidados e seguindo as demais normas, como apresentar a documentação completa exigida e atualizar o cadastro todos os anos, o cidadão chega à segunda e mais difícil etapa: a espera pela realização do sonho.

Os cidadãos inscritos na faixa 1, para quem tem renda familiar de até R$ 1.600, não têm muito o que fazer a não ser esperar. A contemplação é feita via sorteio, devido ao alto número de interessados. Das quase 72 mil inscrições na Cohab hoje, 42 mil são para a faixa 1. “Nas faixas dois e três é feita por ordem de inscrição. Mas devido à alta procura pela faixa um a contemplação é por sorteio. Então a pessoa pode se inscrever hoje e já ser contemplada, como pode ter de esperar por anos”, explica Ubiraci.

A auxiliar administrativa Jaqueline Braga, 28 anos, esperou por quatro anos para conquistar a casa própria. Funcionária de uma imobiliária e conhecendo bem a realidade do mercado de imóveis, ela aconselha que, apesar da demora, o sistema da Cohab ainda é o mais indicado para quem não tem renda alta. “A burocracia é muito grande por outros meios. Os valores também são melhores pela Cohab. O meu apartamento, por exemplo, a construtora aceitou parcelar a entrada”, comemora Jaqueline, que recebeu a chave do imóvel há uma semana.

A policial militar Tatiana Aparecida Luiz também comemora a conquista. Ainda deve esperar mais dois anos para receber o apartamento. Moradora de uma casa emprestada, a mãe de duas filhas recebeu sua segunda chance pela Cohab. Há três anos foi contemplada, mas como estava em processo de divórcio não conseguiu dar sequência ao programa, por problemas na documentação da separação. “Eu me sinto privilegiada porque fui chamada novamente em curto período. Mas vale a pena. Tem que ter paciência, não pode esquecer de atualizar o cadastro, porque a casa própria é um sonho”.

Conforto sacrificado

As mães Tatiana Luiz e Jaqueline Braga, proprietárias de imóveis conquistados através do programa habitacional da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), são casos de sucesso que contemplam em média 5 mil pessoas por ano, número que corresponde a menos de 10% da fila de inscritos. Porém, muitos cidadãos que estão no programa acabam saindo da fila de espera pela demora na contemplação.

Para não desistir do objetivo, muitos procuram alternativas e sacrificam o próprio conforto em busca do sonho da casa própria. É o caso de pessoas que há mais de um ano ocuparam um terreno na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), batizado de Nova Primavera. “Estou aqui na ocupação há dois anos. Deixei o conforto que tinha na casa em que pagava aluguel, resisti, não queria vir. Mas meu marido me convenceu. É a nossa chance de conseguir nossa casa”, explica Vivian Hildelbrant, dona de casa, que desistiu da Cohab depois de oito anos de espera.

A história é semelhante &ag,rave; do manobrista Izaque Weiber. Vizinho de Vivian, também chegou à Nova Primavera para tentar um imóvel através da modalidade Minha Casa Minha Vida Entidade. “Pagava R$ 400 de aluguel, mas não tinha mais condições de manter, então passei a morar em ocupação. Quem sabe aqui eu consiga minha casinha?”.

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