Especialistas defendem alfabetização ambiental

A educação ambiental, quando aplicada, traz ótimos resultados. É um tema amplamente discutido, em diferentes níveis da sociedade e entre pessoas de todas as idades. Um dos lugares onde a educação ambiental está se tornando assunto comum é a sala de aula. As escolas, cada vez mais, buscam a educação ambiental como suporte na orientação de crianças e adolescentes. Mas o cuidado com o meio ambiente não pode ser tratado como uma disciplina separada. Ela tem interligação com as outras matérias e todas as situações do nosso cotidiano. "A educação ambiental deve permear todo o ensino", diz o professor Carlos Mello Garcias, diretor do curso de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

As escolas estão cada vez mais se abrindo a isso, mas ainda há muito o que ser feito. Ainda mais porque as crianças aprendem mais rápido do que os adultos, levando os princípios da consciência ambiental para as suas vidas. "Como levamos um tempo grande para formar essa visão, precisamos compensar nas escolas. É preciso inserir no sistema a alfabetização ambiental, inserida no contexto. Educar é criar uma cultura", explica Garcias. É preciso fazer nas escolas o que já acontece no curso de Engenharia Ambiental, por exemplo. Todas as disciplinas, inclusive Matemática e Física, são relacionadas com o meio ambiente. "Acredito que daqui a 10, 20 anos, a educação ambiental já estará inserida no contexto", comenta o professor.

Patrícia Lupion Torres, coordenadora pedagógica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), confirma que alguns professores ainda não conseguem transportar a educação ambiental para outras disciplinas e vivências dos alunos, com o objetivo de transformar a teoria em prática. "O meio ambiente é um tema transversal, passa por todas as disciplinas. Permitiria abrir as portas das salas de aula para um relacionamento entre as disciplinas. Muitas vezes, os professores trabalham com o tema em uma outra disciplina, conforme a facilidade que têm. O ideal é que todos trabalhem de forma integrada, vendo o assunto de diversos ângulos", afirma.

Patrícia coordena o projeto Agrinho, desenvolvido pelo Senar, que aborda o meio ambiente, entre outros assuntos, com alunos da rede pública de ensino de 4.ª e 5.ª séries. O programa, que existe há 10 anos, está presente em todos os municípios paranaenses. A adesão é voluntária por parte dos professores, que recebem capacitação.

Para a escola, são enviados materiais didáticos para trabalhar a educação ambiental com as crianças. Os alunos de 4.ª série recebem um livro de contos e os de 5.ª, uma revista. Os professores definem quais as metodologias que vão utilizar e criam um projeto, ligado à realidade local, para ser desenvolvido junto com os alunos. No final do ano, o professor envia um relatório para o Senar sobre as atividades realizadas e as crianças fazem uma redação. Tudo é avaliado por uma banca, que escolhe os melhores trabalhos, premiando alunos e professores. "Essa temática acaba não ficando só na escola. As crianças se tornaram multiplicadores e foram envolvendo a comunidade. Essa precisa ser uma formação continuada, sempre sofrendo atualizações", revela Patrícia.

A educação ambiental não precisa, e não pode, ser desenvolvida apenas por professores, pedagogos ou biólogos. Profissionais de todas as áreas devem dominar as questões do meio ambiente e aplicá-las em seus ambientes, segundo o professor Garcias. Existem cursos para capacitar pessoas dispostas a fazer este tipo de trabalho, que abordam o conhecimento e as técnicas para passar estas informações para outros indivíduos com a qualidade necessária.

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