Escolas de samba reclamam de verba baixa

As escolas de samba de Ponta Grossa reclamam da demora no repasse de verbas da Prefeitura para a realização do Carnaval deste ano e da quantia viabilizada para os preparativos da festa, insuficiente para as despesas previstas, segundo os carnavalescos. Assim como em 2005, o valor destinado às escolas deve ser de R$ 40 mil, aprovado somente ontem em primeira discussão na Câmara de Vereadores do município. Como ainda haverá uma segunda votação, a previsão é que somente na sexta-feira a verba esteja nas mãos das escolas de samba para que os preparativos comecem efetivamente, faltando menos de um mês e meio para os desfiles.

O vice-presidente da Escola de Samba Nova Princesa, Miguel Alberto Mazurek, conta que, inicialmente, a Câmara pleiteou colocar no Orçamento de 2006 um repasse de R$ 120 mil para todos os custos da organização do Carnaval. Desse valor, houve uma primeira aprovação de R$ 64 mil, reduzida posteriormente para R$ 40 mil – quantia equivalente à de 2005 e que será dividida igualmente entre oito escolas de samba. ?É um valor irrisório. Todas as escolas ficaram com dívidas no ano passado. Já em 2004, teve repasse de R$ 12,5 mil para cada escola. Fizemos investimentos, gastamos cerca de R$ 4,5 mil só com os carros alegóricos, mas agora dificilmente poderemos sair com os cinco carros que temos?, avalia Mazurek.

Outro problema do orçamento restrito é o caráter competitivo dos desfiles. ?Com esse valor, não vamos poder fazer Carnaval de disputa, só de participação, já que não existe definição de um valor destinado à premiação?, lamenta o sambista, jogando confetes ao Carnaval ponta-grossense: ?Estamos brigando, porque afinal de contas é uma festa tradicional da comunidade. O nosso Carnaval tem a idade do Carnaval do Rio de Janeiro, só não evoluiu por falta de patrocínio?. Enquanto o repasse deste ano não sai, a produção do desfile da nova princesa está parada.

Já o presidente da Escola de Samba Globo de Cristal, José Nelson Lima dos Santos, arrisca investimentos ainda que sem o dinheiro em mãos. Ele explica que parte da produção está sendo realizada, apesar da demora, para não deixar tudo para a última hora: ?Já estamos fazendo as reformas nas fantasias que pegamos no Rio de Janeiro, tudo devagarinho?. Santos participa do Carnaval da cidade há trinta anos e diz nunca ter passado uma situação orçamentária como esta e do ano passado, quando os recursos foram repassados às escolas ainda mais em cima da hora. ?Ponta Grossa é uma cidade grande, que merece um Carnaval bonito. O povo espera com ansiedade e muita gente vai assistir ao desfile. Somos organizados, temos uma liga e fazemos isto por Ponta Grossa. Falta a Prefeitura dar uma força?, comenta.

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ponta Grossa justifica que, embora haja interesse da Secretaria Municipal de Cultura em disponibilizar subsídio maior ao Carnaval da cidade, R$ 40 mil é o valor possível no momento.

Curitiba prevê gastos de R$ 380 mil

A Prefeitura de Curitiba, por meio da Fundação Cultural (FCC), prevê gastos de

R$ 380 mil com o Carnaval de 2006. Entre os custos estão repasses para a Liga Cultural das Organizações Carnavalescas de Curitiba e Região Metropolitana, locação de equipamentos, apoio à organização dos desfiles, infra-estrutura, bailes das Ruas da Cidadania e a produção do bloco Rancho das Flores, composto pelas pessoas de terceira idade atendidas pela Fundação de Ação Social (FAS).

De acordo com o presidente da Liga das Organizações Carnavalescas, Saul D?Avila, do orçamento total previsto para o Carnaval, R$ 130 mil foram destinados exclusivamente às sete escolas que irão desfilar na capital. ?Todo o repasse já foi feito, parte dele ainda no ano passado, e as escolas já estão trabalhando. Estamos bem adiantados em relação aos anos anteriores?, analisa. Os ensaios já estão sendo realizados e, a partir de agora, entra em cena o trabalho de confecção dos figurinos. ?Faz anos que não conseguimos organizar um Carnaval como o deste ano?, coloca D?Avila.

A festa em Curitiba será de apenas um dia, no sábado, 25 de fevereiro. O desfile será na Avenida Cândido de Abreu, com o mesmo tipo de infra-estrutura montada no ano passado. ?É claro que gostaríamos de ter quatro dias de Carnaval, mas optamos por apenas um porque não há recursos suficientes?, justifica.

A ordem dos desfiles já está definida: primeiro entra o Grupo Afroxé, depois o Rancho das Flores e, na seqüência, as escolas do Grupo B – Unidos do Bairro Alto, Unidos de Colombo e Os Internautas, de Pinhais. As escolas Unidos de Pinhais, Bom a Beça – única escola de samba evangélica do Brasil -, Acadêmicos da Realeza, Mocidade Azul e a bicampeã do Carnaval curitibano Embaixadores da Alegria, todas do grupo A, fecham a noite de festa. (LM)

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