A escassez de chuvas no Paraná já deixou o abastecimento de água em estado crítico em três cidades: Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Cantagalo e Catuporanga, no centro-oeste. Nessas localidades, o racionamento ainda não está acontecendo, mas sem o uso racional da água, o perigo é iminente. Segundo o diretor da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Wilson Barion, se não chover nos próximos sessenta dias, a situação pode se complicar em outras localidades. "As regiões oeste, nas proximidades de Cascavel, e sudoeste, região de Pato Branco, já vivem uma situação de risco intermediário", diz. Curitiba e Região Metropolitana, excetuando Campo Largo, estão em estado de alerta.
Independente do nível dos reflexos da estiagem, que faz o volume dos rios e dos poços de abastecimento reduzirem a cada dia, a Sanepar já se empenha em campanhas de uso racional da água. "É preciso controlar o uso e só fazê-lo quando realmente necessário. Por ora, o abastecimento está garantido. Mas se não chover, a situação pode complicar."
Por precaução, a Sanepar já trabalha na construção de reservatórios na região de Campo Largo. "A intenção é fazer um armazenamento de água nos momentos de menor consumo", explica Barion.
Gênese
O longo período sem chuvas significativas, que já chega a trinta dias, é conseqüência direta da mudança nas freqüências das chuvas no Paraná. "Há períodos em que chove muito, mas também tem ficado muito tempo sem chover, o que pode comprometer o abastecimento."
Não bastassem as mudanças nos ciclos de chuva, o desmatamento em todo o Paraná tem prejudicado a manutenção da água nos mananciais. Sem a retenção da água no solo, já que grande parte do Estado tem plantações com vegetação de raízes curtas, como a soja, o solo fica ressecado, sem permitir a infiltração necessária para que os rios não tenham a vazão reduzida. "Os mananciais sentem por um período mais longo a falta de chuvas. Daí o eterno alerta para a preservação de vegetação de grande porte em todo o Paraná", finaliza Barion.