Auditoria no Evangélico

Enfermeiro alega que erro causou a morte do pai

Há cinco anos, além de lutar com a perda de seu pai, o enfermeiro José Rodrigues Cabral Junior trava uma luta intensa na Justiça para provar que a morte dele não foi apenas um acaso, mas sim consequência de um erro médico. José Rodrigues Cabral faleceu no dia 21 de janeiro de 2008. Desde então, seu filho já apelou para quase todas as instâncias na Justiça, pedindo que os hospitais Evangélico e Santa Casa de Misericórdia, onde o pai foi atendido, sejam responsabilizados por sua morte. Esta não é a primeira vez que alguém reclama de negligência nos procedimentos realizados no Evangélico, como o Paraná Online já mostrou na edição de 16 de março deste ano.

Em outubro deste ano, ele teve a primeira resposta positiva durante todo esse período. A procuradora Antonia Lélia Neves Sanches oficiou o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus) para que realize uma avaliação operacional junto ao Hospital Evangélico. De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público Federal (MPF), o prazo terminava no último dia 14, mas como não houve retorno do órgão, ele foi estendido por mais 15 dias úteis. Antes disso, Junior buscou o apoio de outros órgãos, como o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) e a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, sem sucesso.

Quando consultados, ambos os órgãos consideraram que não houve erro médico e, portanto, os hospitais e médicos que atenderam José não devem ser responsabilizados pela sua morte. Esta também foi a decisão do juiz da 3.ª Vara Cível, Irineu Stein Junior, em julho deste ano. Era nessa instância que tramitava uma ação de danos morais protocolada ainda em 2008 por Junior. Agora, a família está recorrendo da decisão ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) e solicitando apoio do Ministério Público do Paraná (MP-PR) para comprovar que houve erro no atendimento de José anos atrás.

“Estamos, eu e minha família, em uma luta que já dura cinco anos. Sinto-me bastante frustrado com as negativas que recebemos, mas estamos insistindo porque acreditamos que podemos evitar que outras pessoas passem pelo que passamos, apesar de não termos como consertar o que aconteceu com o meu pai”, comenta Junior. De acordo com ele, seu pai teria sido vítima de uma sequência de erros médicos em atendimentos realizados no Hospital Evangélico e, depois, na Santa Casa de Misericórdia. No entanto, como o segundo hospital já recebeu o paciente com a saúde debilitada devido a procedimentos anteriores, ele foi retirado da ação que tramita na Justiça.

Colonoscopia teria causado perfuração

Junior conta que o primeiro atendimento foi realizado no Hospital Evangélico no dia 24 de outubro de 2007, quando José passou por uma colonoscopia depois de verificar a presença de sangue em suas fezes. “Apesar de ter 80 anos, meu pai era uma pessoa saudável, que não fazia uso de nenhum medicamento. Depois desse exame, ele foi ficando cada vez mais debilitado até falecer. Isso Houve uma perfuração em seu intestino durante esse procedimento, mas ninguém nos avisou dos riscos que ele corria”, conta.

Passados apenas três dias depois da realização da colonoscopia, José retornou ao pronto-socorro do mesmo hospital, se queixando de dores e mais sangramentos. Nesta ocasião, o médico que o atendeu não detectou que os sintomas poderiam ser resultados de uma perfuração ocorrida durante o exame. “O médico deu alta e prescreveu apenas dipirona para controlar as dores. Disse ainda que ele estava com gases e que ele precisava andar”, relembra.

Somente um dia após esse segundo atendimento, ao retornar novamente ao hospital, é que a perfuração foi identificada e José foi encaminhado ao centro cirúrgico. “Mesmo assim, ele não melhorou, ficando cada vez mais debilitado. Por isso,, preferimos procurar outro médico, na Santa Casa, mas lá o atendimento também não foi adequado e, depois de realizarem mais uma cirurgia, meu pai foi para a UTI e não sobreviveu”, conta.

Procurados pela reportagem do Paraná Online, o Hospital Evangélico e o CRM não quiseram comentar o caso, alegando que ele ainda está tramitando na Justiça devido ao recurso protocolado por Junior.

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