Enchente atinge ruas e casas de Curitiba e RM

As chuvas que caíram sem cessar durante a noite e madrugada de ontem trouxeram muitos estragos para alguns bairros de Curitiba e outros municípios da Região Metropolitana. Na Vila Osternak ruas e casas ficaram alagadas.

O Corpo de Bombeiros teve de usar botes infláveis para resgatar as pessoas, na maioria crianças e idosos. O resgate mais complicado foi de uma mulher que estava entrando em trabalho de parto, e foi levada às pressas para o hospital.

A maioria das casas alagadas fica às margens do rio Ribeirão dos Padilhas, que começa próximo à Avenida Brasília, corta os bairros do Xaxim e Boqueirão, e deságua no Rio Iguaçu. Com as chuvas intensas o volume de água do rio aumentou, subindo mais de seis metros de altura, invadindo os imóveis. Os moradores contam que problemas de enchentes são freqüentes na região. Eles relataram que na noite de quinta-feira algumas residências já haviam sido atingidas, e as pessoas tiveram que pernoitar na rua pois perderam todos os móveis e roupas. Outras famílias ficaram ilhadas dentro do imóvel.

O casal Maria Henrique e Jaime Pereira e suas três filhas menores estavam morando há um mês na Vila Osternak. Eles vieram de Maringá em busca de uma melhor oportunidade de vida em Curitiba. Mas em dois anos ninguém conseguiu emprego e eles foram engrossar a ocupação no local. Com a enchente de ontem, perderam o pouco que tinham, ficando apenas com os documentos e a roupa do corpo. “Viemos para cá para melhorar de vida, mas foi pior”, disse Maria, garantindo que a família vai deixar o local.

Usando apenas uma camiseta e calção, Luiz Antônio Moreira tremia de frio enquanto segurava os dois filhos que foram retirados de casa pelos bombeiros. Em cinco anos que mora na vila, essa é a segunda vez que ele tem a casa alagada. “A gente sempre é pego de surpresa e se não fosse pela ajuda, as crianças ainda estariam lá dentro”, disse. A dona-de-casa Zilá Pereira também estava preocupada com o filho e os dois netos, de três e um ano, que desde a noite anterior, não podiam sair de casa. “Não consigo falar com eles porque a casa está no meio da água”, disse.

Atendimentos

A Prefeitura estava monitorando todos os locais atingidos pelas enchentes, e segundo o supervisor da Guarda Municipal e membro da Comissão Municipal da Defesa Civil, Wagnelson de Oliveira, a Vila Osternak foi a área mais prejudicada. Ele garantiu que as famílias que precisassem de apoio seriam instaladas em escolas ou outros locais credenciados como alojamento. Até ontem pela amanhã ninguém havia sido removido. Wagnelson disse que a Prefeitura também estava dando apoio aos moradores das vilas Rose, Verde e Guaraqueçaba.

O Corpo de Bombeiros informou que foram solicitadas equipes de socorro nos bairros do Sítio Cercado, Vila Audi, Alto Boqueirão e São Brás. A Vila Jurema, em São José dos Pinhais, e o Jardim Weissópolis, em Pinhais, também estavam alagadas. Luiz Canistroro, morador de Pinhais, disse que faltavam 10 cm para a água invadir a casa, e ele que tentou ligar várias vezes para a Prefeitura, mas ninguém atendeu o telefone, e nenhuma equipe foi dar apoio à comunidade. “Isso é um absurdo. O povo perdendo tudo o que tem, e a Prefeitura nem atende o telefone”, reclamou.

Interior enfrenta granizo e ventos fortes

Guilherme Voitch

com AE)

Fortes ventos de até 80 km/h e chuvas de granizo causaram prejuízos em diversos municípios das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná. Segundo o meteorologista do Simepar, Fernando Mendonça Mendes, a linha de instabilidade é decorrente das diferenças de pressão de uma frente fria em passagem pelo Estado.

Em Goioerê, no centro-oeste do Estado, a 570 km de Curitiba, segundo a Prefeitura, o vendaval destelhou pelo menos trinta casas, derrubou árvores e quebrou 28 vitrais da igreja da cidade. As localidades conhecidas como Conjunto Mutirão I e Jardim Universitário foram as mais prejudicadas. O prefeito Antônio Sena (PMDB) decretou situação de emergência. Duas famílias tiveram de ser levadas para um albergue e várias outras receberam material de apoio da prefeitura.

Em Francisco Beltrão, no sudoeste do Estado, a 500 km de Curitiba, os maiores problemas com a chuva de granizo foram registrados na comunidade de Nova Concórdia. Como o acesso é difícil, a Prefeitura ainda não tinha na tarde de hoje um balanço dos prejuízos causados pela chuva. Em Santa Lúcia, no oeste, a 550 km de Curitiba, oitenta casas foram destelhadas. As lavouras de milho, feijão e fumo foram bastante prejudicadas pelo granizo.

Em União da Vitória, os ventos chegaram a 80 km/h e destelharam 180 casas nos bairros de São Bernardo, Ponte Nova e Cidade Jardim. Funcionários da prefeitura passaram a noite ajudando a cobrir as casas com lonas de plástico. Hoje estavam sendo cadastradas as pessoas que tiveram os bens atingidos. Um barracão industrial foi destruído, causando um prejuízo estimado em R$ 100 mil.

Segundo Fernando, o tempo deve se estabilizar amanhã. “Pode chover nessas áreas. Mas sem a incidência de ventos fortes.”

Meteorologistas prevêem primavera mais chuvosa

Cintia Végas

Nesta segunda-feira, a estação do frio sai de cena e dá lugar à estação das flores, em todo o Hemisfério Sul. A primavera só termina no dia 21 de dezembro.

Segundo o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), os primeiros dias da nova estação no Estado devem ser de tempo bom, com pouca nebulosidade e sem chuvas. “Entretanto, estas características não vão se manter e definir todo o período de primavera”, comenta o meteorologista Reinaldo Olmar Kneib.

A partir do fim do mês que vem, deve haver aumento do volume de chuvas e calor. Este ano, as temperaturas devem ficar entre 0,5º C e 1º C acima da média, em todas as regiões do Estado. Na capital, as temperaturas médias em outubro ficam entre 12º C e 22º C. No mês de novembro, variam de 14º C a 24º C.

O volume de chuvas também vai ser superior que a média dos últimos anos. Ainda em Curitiba, a média é de 120 mm a 180 mm, durante o mês de outubro. Neste ano, pode chegar a 200 mm.

Segundo Reinaldo, o aumento das temperaturas e precipitações ocorrerá por influência do El Niño, que é um fenômeno que ocorre no oceano pacífico, onde as águas ficam mais quentes, e que tem influência no Paraná. Da região Sul do Estado até a capital, também podem haver tempestades de curta duração, acompanhadas de ventos e granizo.

Jardim Botânico

A partir da semana que vem, se não houver chuvas, funcionários do Jardim Botânico devem começar a plantar mudas das flores que nascem na estação. Para isso, serão retirados os amores-perfeitos, que são flores que se adaptam melhor ao frio. “Plantaremos mudas de begônia, celose, tagets e petúnia”, conta o chefe de serviço do Jardim Botânico, Ezequiel Moraes.

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