Dispositivo garante segurança de bebês

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Paraná (UFPR) promete diminuir drasticamente o problema de trocas, sequestros e adoções ilegais de bebês nas maternidades brasileiras. Um pesquisador da instituição criou um dispositivo que digitaliza, em alta resolução, impressões das palmas das mãos dos recém nascidos. O trabalho foi um dos cinco vencedores do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) 2008, organizado pelo Ministério da Saúde, entregue no início de dezembro.

O professor do Departamento de Informática da universidade, Daniel Weingaertner, criador do sistema, conta que boa parte dos problemas que acontecem nas maternidades decorre de um sistema falho de identificação pessoal dos bebês. “Não há como conferir se uma pessoa que sai com uma criança do hospital é mesmo a mãe dela”, diz. Por isso ele propôs esse sistema inteiramente informatizado: após digitalizadas, as imagens entram em um banco de dados, que pode ser usado no controle da circulação dos bebês e nos procedimentos de alta ou retirada da maternidade.

Para Weingaertner, o método atual, em que são utilizados papel e tinta, é mais propenso a erros. Um dos motivos é que a coleta das impressões é feita apenas nos pés. “A impressão palmar pode ser vista nas junções de quatro dedos, enquanto na dos pés apenas um ponto é visível. Então, se a coleta não é muito boa, não há identificação”, explica.

O dispositivo de coleta das impressões consiste em um sensor ótico, formado por uma câmera digital de oito megapixels e uma lente supermacro. O sistema pode fotografar objetos a três centímetros da lente. “É parecido com os sensores de impressão digital usados por autoridades. Mas esses sensores têm resolução de 500 pontos por polegada, enquanto o que desenvolvemos tem três vezes mais”, explica o pesquisador.

O pesquisador diz que o dispositivo é apenas um protótipo e ainda não está em condições de ser comercializado. “Transformá-lo em um produto é um papel da indústria”, afirma. O maior problema é o alto custo do equipamento. O sensor, por exemplo, não está disponível no mercado. Em função disso, aumenta a importância do prêmio do Ministério da Saúde. “O prêmio é uma boa divulgação para que surjam interessados em investir. Se apenas o SUS resolver utilizar o sistema, já serão milhares de unidades a serem produzidas”, nota.

A pesquisa é resultado de uma tese de doutorado, apresentada originalmente no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da UFPR, em novembro de 2007. As orientadoras do trabalho foram as professoras da UFPR Mônica Nunes Lima Cat, na área de Pediatria, e Olga Regina Pereira Bellon, na área de Informática.