Curitiba debate biodiversidade

No mês de março Curitiba irá se tornar a capital da biodiversidade mundial, quando sediará a 3.ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3) e a 8.ª Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8). Os eventos, organizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e bancados pelo Ministério do Meio Ambiente, ocorrem dos dias 13 a 17 e 20 a 31, respectivamente. E mesmo acostumado com a égide de capital ecológica, o curitibano deve estranhar o bombardeio sobre o assunto que tomará conta da cidade já nas próximas semanas.

Ontem o secretário executivo da Convenção sobre Diversidade Biológica, o argelino Ahmed Djoghlaf, concedeu uma entrevista coletiva para explicar as metas dos eventos e para dar seu parecer sobre os preparativos das reuniões, depois de percorrer Curitiba nos últimos dois dias. ?Será um evento histórico em uma das cidades mais verdes do mundo, que demonstrou na prática que esse conceito pode ser realidade?, elogiou o secretário. Por conta desse ?conceito verde?, a cidade irá receber cerca de 5 mil participantes -entre delegados, ministros e chefes de estado – e outros milhares de visitantes.

Segundo o diretor executivo da Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre) e um dos coordenadores do comitê de preparação para os encontros, Hélio Amaral, Curitiba concorreu com muitas outras cidades brasileiras pelo direito de sediar a MOP3 e a COP8, mas foi beneficiada pela infra-estrutura e história de preservação ambiental. ?Sofremos alguns atrasos no cronograma devido a uma demora na assinatura do protocolo de sede, mas tudo estará pronto a tempo?, afirma. Para o secretário de Turismo de Curitiba, Luiz de Carvalho, o evento irá consolidar mundialmente a cidade como destino de turismo de eventos.

Metas

Sem contar a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, essa é a primeira vez que uma reunião da Conferência se dará fora de uma capital do país sede. ?Agora é o momento de implantar as políticas desenvolvidas e discutidas desde a ECO-92. E é muito bom que isso se dê mais uma vez no Brasil?, diz Djoghlaf. Na prática, a preocupação da ONU é que os países consigam cumprir as metas estabelecidas na COP realizada em Joanesburgo, na África do Sul, em 2002, que estabeleceu objetivos de redução de taxas de destruição de biodiversidade.

?Infelizmente, hoje, a realidade é assustadora. Um estudo sobre a plausibilidade de se cumprir as metas mostrou que a taxa de perda de biodiversidade é 100 vezes maior do que a taxa natural?, revela o secretário, acrescentando que nos últimos 50 anos se perdeu mais espaço para a agricultura do que nos últimos 200.

Para facilitar a confecção de um documento que será entregue aos delegados dos países sobre possibilidades de se atingir as metas de conservação em quatro anos, ontem também foi lançado em Montreal, no Canadá, a Conferência Virtual de Curitiba, que irá coletar, via internet, contribuições de qualquer interessado. ?Esperamos que Curitiba, como sede, lidere esse processo de contribuição voluntária?, diz Djoghlaf.

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