Crise afeta atendimentos nos HUs de Londrina e Maringá

Os hospitais universitários (HU) de Londrina e Maringá estão atuando com superlotação e carência de funcionários. Em Londrina, o hospital da Universidade Estadual (UEL) operava ontem com 40 internamentos nos leitos de observação do pronto-atendimento, enquanto a capacidade é para 26.

Isso levou a direção a determinar atendimento apenas à emergências encaminhadas pelos sistemas Samu, Siate e da Central de Leitos. Já em Maringá, a direção pede à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) a contratação imediata de pelo menos 49 funcionários.

O diretor-superintendente do HU de Londrina, Francisco Eugênio de Souza, explica que a decisão de fazer apenas pronto-socorro referenciado (atendimentos provenientes dos três sistemas) já havia sido tomada em meados do ano passado, mas não cumprida integralmente. ?Mas agora, para evitar maiores riscos, vamos ser rigorosos nessa delimitação, a não ser em casos excepcionais?, afirma.

Ontem, por causa da superlotação, o hospital teve de suspender atendimento no pronto-socorro cirúrgico durante algumas horas, assim como no pediátrico e clínico. ?Tínhamos hoje (ontem) pacientes internados até na área administrativa e na sala de preparo de medicamentos. Chegamos ao limite porque o obstáculo que enfrentamos, agora, é físico?, descreve Souza.

Para o diretor, o problema tem a ver com encaminhamentos inadequados. ?Houve falha no gerenciamento dos encaminhamentos dos municípios (Londrina e região) e não podemos assumir toda essa demanda se o sistema está falhando neste processo.?

Maringá

No hospital da Universidade de Maringá (UEM) a situação não é diferente, mas a principal carência diz respeito ao déficit de pessoal. O diretor José Carlos Amador procurou ontem a Seti, em Curitiba, para solicitar a contratação urgente de 49 funcionários. ?Essa falta diz respeito apenas aos profissionais que se aposentaram, pediram demissão ou morreram nos últimos cinco anos, mas nossa demanda é ainda muito maior.? Segundo ele, o HU carece de pelo menos outros cem profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e da área administrativa, uma vez que há cinco anos não há contratações, apesar de o hospital ter crescido e a demanda por atendimentos, aumentado em mais de 100%.

A situação mais crítica é na UTI pediátrica, onde o número de médicos chega quase à metade do que seria necessário. ?Precisaríamos de treze profissionais, sendo que temos sete e, destes, dois estão com pedido de demissão?, quantifica.

Secretária não aponta má gestão

A secretária de Saúde de Londrina, Marlene Zucoli, não concorda que há má gestão nos encaminhamentos feitos ao HU, mas afirma que o hospital deve proceder à melhor distribuição dos leitos. ?A taxa média de ocupação de todos os leitos, junto enfermaria e pronto-atendimento, foi de 74% ano passado. E quando pensamos em superlotação, temos de olhar não apenas o PS, mas sim a distribuição da demanda?, defende.

Ela cita ainda que 53% dos pacientes que procuram o HU o fazem por conta. ?Isso dá uma média de dois pacientes por hora, o que, para um hospital daquele porte, deve ser visto com bons olhos?. Além disso, a secretária informou que uma comissão de trabalho está sendo montada entre Estado, município e direção do hospital. E no que concerne à limitação das fontes de atendimento, afirma que a responsabilidade compete ao hospital. A reportagem de O Estado procurou a Seti para comentar a situação, mas não houve posicionamento.

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