Corrida contra o tempo em Campo Mourão

Geovani Letenski, de 8 anos, é uma criança ativa. Mas não pode correr, jogar futebol, fazer Educação Física na escola ou qualquer atividade que possa resultar em ferimentos. Isso porque Geovani tem falência na medula óssea, doença que diminui a produção de plaquetas no sangue. A única solução é o transplante de medula óssea. No entanto, são poucos doadores no Brasil. A família, então, lançou uma campanha em Campo Mourão, na região noroeste do Paraná – onde o garoto vive com os pais – para estimular as doações. E, desta maneira, aumentar as chances de cura de Geovani.

 As plaquetas são as responsáveis pela coagulação do sangue. Elas ajudam a ?estancar? uma hemorragia, por exemplo. A formação das plaquetas e de outros componentes do sangue acontece na medula óssea, um tecido líqüido que ocupa o interior dos ossos. Um ferimento simples pode se tornar grave em pessoas que têm um pequeno número de plaquetas. Esse é o caso de Geovani. No último exame feito por ele, o número de plaquetas era de 16 mil, enquanto o normal varia entre 150 mil e 350 mil.

Os pais descobriram a doença de Geovani em 2004, quando levaram o menino ao médico para verificar um problema de audição. Foi solicitado um exame de sangue e o médico percebeu que poderia haver algo de errado. A partir disso, a queda na produção de plaquetas foi detectada, mas não havia um diagnóstico preciso por parte dos médicos de Campo Mourão e Curitiba. A falência medular só foi confirmada após uma consulta em São Paulo.

Transplante

Com o diagnóstico, a solução era um transplante de medula óssea, pois não há tratamento com remédios para esse tipo de doença. Ninguém na família tinha medula compatível. A procura partiu para o Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome), cadastro nacional do Ministério da Saúde. Não deu certo.

Foi nesse momento que o pai de Geovani, o advogado Deonizio Letenski, verificou que era muito pequeno o número de doadores de medula óssea no Brasil. Toda a família deu início a uma campanha em Campo Mourão com o propósito de aumentar o número de doadores. ?Tivemos muito apoio. O hemonúcleo da cidade teve um aumento de 700% no número de doadores de medula. Essa é uma coisa simples, mas as pessoas não conhecem como é feito?, afirma.

O processo para se tornar um doador de medula óssea é muito simples. O interessado deve ir até um banco de sangue, onde será coletado 10 mililitros de sangue, para a tipificação HLA (a medula tem diversos tipos, assim como o próprio sangue). Essas informações ficam no Redome. ?Apesar das campanhas, ainda é pequeno o número de doadores de medula?, explica Lana Lúcia Neri de Andrade Chab, responsável pelo setor de transplante de medula óssea na Central de Transplantes do Paraná, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Compatibilidade

A partir do momento que se detecta a compatibilidade, a pessoa que está no Redome é consultada sobre a sua vontade de doar. Se for confirmada, parte-se para o procedimento. Para o doador, tudo dura 24 horas. Com o doador anestesiado (anestesia geral ou local), a equipe médica retira a medula óssea dos ossos da bacia (os mais indicados para o transplante) com uma agulha.

O material é posteriormente colocado na pessoa doente que espera os primeiros  resultados. ?A medula do doador se recompõe espontaneamente. É uma coisa muito simples?, comenta Lana. O registro no Redome não significa que o doador será chamado em determinado período. Tudo depende da compatibilidade.

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