Contra o pedágio, MST ocupa oito praças no PR

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) ocuparam ontem oito praças de pedágio em diversos pontos do Estado. Em sete das oito praças, as cancelas foram liberadas, e os motoristas não precisaram pagar o pedágio. De acordo com a coordenação do MST, o protesto é pelo fim do pedágio ou redução de 60% , pela proibição de transgênicos no Estado e reforma agrária. Eles prometem permanecer nas praças por tempo indeterminado.

A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) informou que as concessionárias afetadas já ingressaram com ação na Justiça pedindo a reintegração de posse.

O governador Roberto Requião disse ontem que gostaria de chegar logo a um acordo com as concessionárias para evitar a repetição de fatos como os ocorridos ontem. “Hoje é o MST, amanhã podem ser os caminhoneiros. Depois comerciantes. Essas manifestações comprovam a insatisfação de toda a sociedade com o absurdo do pedágio”, disse o governador. O governador salientou ainda que “não entende porque as concessionárias ainda fazem tanto barulho visto que declaram prejuízos freqüentes. Dessa forma, para evitar esses prejuízos, deveriam devolver as estradas ao Estado”.

Ocupação

A ocupação nas oito praças aconteceu entre às 11h30 e 13h. As praças ocupadas pelo MST foram a de Jataizinho, administrada pela Econorte; Mandaguari, Arapongas e Campo Mourão, administradas pela Viapar; São Miguel do Iguaçu e Cascavel, pela Cataratas do Iguaçu, e Mauá da Serra e São Luiz do Purunã, administradas pela Rodonorte. Ao todo, existem no Paraná 26 praças do pedágio. As concessionárias Ecovia e Caminhos do Paraná não foram afetadas.

De acordo Edson Bagnara, da coordenação estadual do MST, o critério não foi por concessionárias, mas por praças mais movimentadas. Segundo ele, a orientação era ocupar dez praças. Ele não descartou a possibilidade de haver novas ocupações. “Nosso objetivo é lutar contra os preços absurdos do pedágio, para que acabe ou diminua 60%”, declarou. O protesto, segundo ele, também é pela aprovação por parte da Assembléia Legislativa de um projeto de lei da autoria do PT que proíbe a produção e comércio de transgênicos no Paraná. Outra reivindicação é a reforma agrária em âmbito estadual e nacional.

Os integrantes do MST prometem permanecer nas praças por tempo indeterminado. .

Prejuízos

A Rodonorte, que teve duas praças ocupadas, informou ontem que teve grandes prejuízos. Na praça mais atingida, a Mauá da Serra, a assessoria informou que o grupo invadiu o prédio da administração, expulsou os funcionários, destruiu sistemas de comunicação, quebrou as cancelas, cortou a fiação elétrica e ainda passou a cobrar pedágio por conta. A Viapar, que teve três das seis praças ocupadas. A Rodovia das Cataratas informou que a ação na praça de Cascavel foi mais violenta, com o impedimento de troca de turno, corte de cabo telefônico, energia elétrica e gerador próprio. Segundo a assessoria de imprensa, em Cascavel a BR-277 foi bloqueada durante vinte minutos, no início do protesto. Logo em seguida, as cancelas foram liberadas.

(Mais sobre MST, na página 2; e sobre pedágio, na página 5 desta edição).

Nas invasões, ordem é negociar

O governador Roberto Requião manifestou ontem sua preocupação com as ocupações de terra no Paraná e reforçou que sua orientação é “negociar até à exaustão”. Ele disse que vai evitar o confronto armado no Paraná a todo o custo. Uma das medidas propostas à Polícia Militar foi o bloqueio de estradas que levam ao acampamento de Rio Bonito do Iguaçu, para evitar que se forme um “superacampamento”, com oito a 10 mil famílias. “Se isso acontecer, não se consegue mais desocupar a área”, disse o governador.

Requião vai sugerir ao presidente do Tribunal de Justiça, Oto Sponholz que crie uma vara para assuntos fundiários. “Cada juiz dá uma sentença diferente à respeito do prazo para desocupação de áreas e o governo do Estado tem dificuldade de prazo nas negociações”, explicou. Ele está pedindo R$ 70 milhões ao governo federal para comprar áreas para fazer um assentamento com direito de superfície e não com o direito de propriedade. “Assim, cada família seria responsável pela área ocupada enquanto estiver produzindo”, destacou.

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