Consumo irracional de remédios preocupa

Estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelam que apenas 50% das pessoas consomem medicamentos de forma correta e entre 50% e 70% das consultas médicas resultam em prescrição de remédios, sendo boa parte delas desnecessárias ou equivocadas. A propaganda de medicamentos é apontada como um dos fatores que influenciam o consumo irracional. Na mídia, as propagandas de remédios muitas vezes são mostradas como se fossem bens de consumo e não bens de saúde. A gerente substituta de monitoramento e fiscalização de propaganda de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ana Paula Massera, diz que normalmente não se falam das reações que a pessoa pode ter e nem das contra-indicações. Segundo ela, até um simples analgésico para dor de cabeça tem efeitos. "Embora seja feita a venda livre, todos oferecem algum risco". A médica da farmacovigilância da Secretaria de Estado da Saúde, Marli Madalena Perozin, dá um exemplo. Na semana passada houve no Estado um caso em que uma criança ficou intoxicada por um medicamento usado para matar piolhos. "A criança lanchou coçando a cabeça. Como a venda é liberada, existe a falsa impressão de que não faz nenhum mal", fala.

Já as propagandas que trazem informações sobre os efeitos colaterais e as contra-indicações, fazem isso sem qualquer destaque e passam quase desapercebidos pela população. Desde 2000, a Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa estabeleceu normas para a propaganda. Para Ana Paula, a situação já melhorou muito. O órgão vem fazendo um trabalho educativo junto a indústria farmacêutica e, quando não surte efeito é aberto um processo administrativo. Se for o caso, a Procuradoria da Anvisa estabelece penalidades. Mas não é só a propaganda que ajuda nesse sentido, matérias jornalísticas também colaboram para aumentar o problema quando só falam dos efeitos positivos de um novo medicamento. Uma pesquisa divulgada pela Universidade de Minas Gerais revela que só 24% dos textos tratava dos aspectos negativos destas substâncias. Para a imprensa, a Anvisa vai realizar neste segundo semestre workshops para debater o assunto.

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