Construção de represa revolta Colônia Muricy

Moradores da Colônia Muricy, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), estão revoltados com a intenção da Sanepar de construir uma represa de captação de água na bacia do Rio Miringuava, na localidade do Avencal. Eles temem que o bem-estar da população local, assim como o meio ambiente, acabem comprometidos devido às obras.

Segundo o presidente da Associação dos Proprietários e Moradores da Bacia do Rio Miringuava, Alceu Carlos Schulis, que vive na região há quarenta anos, a barragem irá inundar uma área de 4,1 milhões de metros quadrados. “Cerca de setenta famílias serão atingidas diretamente pela construção da represa, porém as cerca de mil famílias que pertencem à comunidade da colônia também serão, indiretamente, afetadas”, afirma. “Trabalhadores rurais, que têm pouco estudo e não sabem fazer outra coisa senão mexer com a terra, vão ficar desempregados, pois a área para plantação vai ser bastante reduzida”.

A água do Rio Miringuava é considerada de boa qualidade. Atualmente, está sendo utilizada para o consumo dos moradores da colônia, piscicultura e irrigação. “O rio é limpo porque, há vários anos, a população se preocupa em preservá-lo”, comenta o comerciante João Bueno, que vive há dez anos na região. “Sempre conseguimos produzir sem estragar a natureza. Com a construção da represa, serão atingidas áreas de mata nativa, que contêm espécies em extinção, típicas da Mata Atlântica. Não queremos que isso aconteça”, pondera.

Já Suzana Albuquerque, que há quarenta anos possui uma propriedade dentro da Colônia Muricy, reclama que o processo de construção da represa está acontecendo de forma autoritária e sem a participação da população local e de entidades representativas dos agricultores. “Somos sempre avisados sobre o que vai acontecer, mas nunca consultados”, declara. “Nos passam informações desencontradas e ninguém parece se preocupar em ouvir nossa opinião. Temos direito de saber claramente o que está sendo realizado. A Colônia Muricy, além de produzir verduras e lidar com a pecuária, gera empregos. Tudo graças a boa vontade e dedicação da população local, que não pode ser ignorada no momento de uma decisão importante”, relata Suzana.

Os moradores também temem que as pessoas, donas de terras que deverão ser desapropriadas devido às obras, não recebam indenizações justas. A Colônia Muricy fica a 10 quilômetros de Curitiba. Foi criada em 1878, na Bacia do Rio Miringuava. Na época, foram assentadas oitenta famílias de poloneses. Hoje, são cerca de mil famílias, que vivem principalmente do cultivo da terra e da criação de animais.

Sanepar

O supervisor de Meio Ambiente do Projeto Paranasan, da Sanepar, Paulo César Tosin explica que já há uma estação de tratamento de água presente no Rio Miringuava, com potencial de um metro cúbico por segundo. A construção na nova barragem, que deve ser iniciada no primeiro trimestre do próximo ano, vai aumentar o potencial para dois metros cúbicos por segundo. A água captada vai ser integrada ao sistema de abastecimento de Curitiba.

De acordo com Tosin, o programa de construção está sendo planejado para que um número mínimo de famílias da Colônia Muricy sejam afetadas. “Estimamos que apenas duas ou três propriedades de produção agrícola sejam atingidas”, diz. “Vamos fazer de tudo para que a comunidade não seja prejudicada. Quanto aos impactos ambientais, eles vão ser compensados com a construção de uma unidade de conservação”, garantiu.

No que diz respeito à indenização das áreas desapropriadas, o supervisor garante que o valor vai ser justo. “Vamos contratar uma empresa para definir o preço das áreas a serem desapropriadas”, conta. “Vamos pagar valores de mercado. Já fizemos três reuniões com a população do local. Estamos dispostos a informar e tirar dúvidas”. comentou Tosin.

Córrego do incômodo

Guilherme Voitch

A falta de tubulação do córrego Vila Isabel está revoltando os moradores da Rua Jornalista Caio Machado, no Jardim Los Angeles, em Curitiba. O córrego atravessa os bairros da Vila Isabel, Santa Quitéria e Jardim Los Angeles, desembocando no Rio Barigüi. Em seu trajeto, o córrego recebe esgoto das casas e lixo da vizinhança.

No trecho que atravessa a rua, o córrego está à céu aberto. O cheiro é forte e o acúmulo de lixo atrai ratos e baratas. “Tem que ver quando chove. O riacho sobe e a alaga tudo”, conta Teresa dos Santos Ferreira, que trabalha em uma das casas próximas ao riacho. “A água já entrou em casa e tem sempre muita barata e rato”, confirma o marceneiro Nataniel Lima. Segundo ele, parte do problema deve-se a própria vizinhança que usa o riacho como depósito de lixo. “Já é rotina”.

Segundo a Prefeitura, o problema no córrego é uma questão de saneamento básico. Por isso, a responsabilidade sobre a tubulação é da Sanepar. A Sanepar, por sua vez, diz que está trabalhando junto aos moradores, para que eles utilizem a rede da empresa e não despejem o esgoto em locais impróprios. Para isso, a empresa desenvolveu o Programa de Despoluição Ambiental. Mas, segundo a empresa, a responsabilidade pelo fato de o córrego estar à céu aberto é da Prefeitura.

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