Congresso incentiva hábito da leitura

Incentivar a leitura e transformar Curitiba em um centro de referência nas discussões ligadas a ela são os objetivos dos organizadores da segunda edição do Congresso Paranaense de Leitura Saberes, que acontecerá de 22 a 24 de maio, no Tuca, o teatro da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba.

Recentemente, o Sistema Nacional de Educação Básica apresentou os resultados de uma pesquisa onde se constatou que, no País, 20% dos alunos da quarta série do ensino fundamental são analfabetos e que 60% de todos os estudantes estão abaixo do nível que deveriam estar nas respectivas séries. A coordenadora geral do Saberes e diretora da área de Letras da PUCPR, Marta Morais da Costa, atribui grande parte desses fatos à falta de leitura.

Segundo ela, tanto na escola quanto em casa e na sociedade em geral, falta estímulo à leitura. “Em algumas escolas, a leitura é obrigatória. Porém, quando a pessoa conclui o segundo grau, muitas vezes não encontra mais incentivo a continuar lendo. Ela não lia por prazer, mas apenas porque era obrigada. Vê a leitura como uma coisa chata, aborrecida e trabalhosa”, afirma.

A falta de contato com livros, revistas, jornais, quadrinhos e mesmo textos divulgados pela internet durante a infância e adolescência se refletem quando a pessoa chega à vida adulta e entra para universidade. “Muitos universitários apresentam sérias dificuldades para ler e interpretar textos mais complexos. Isso não acontece apenas nos cursos de Letras e Comunicação Social, mas em Medicina, Direito e todas as outras áreas”, conta Marta. “Um exemplo disso é que, no final do ano passado, o Ministério da Educação determinou a obrigatoriedade da disciplina de Produção e Recepção de Textos para os cursos de Engenharia. Isso porque professores de diversas universidades estavam reclamando que os estudantes de Engenharia não eram capazes de ler e interpretar textos de suas próprias áreas.”

Se engana quem pensa que a falta de incentivo à leitura é verificada apenas nas classes sociais mais baixas. Marta revela que o problema também acontece nas classes média e alta. O número de analfabetos funcionais, isto é, pessoas alfabetizadas e que têm acesso à leitura mas não lêem, cresce a cada ano no Brasil. “Isso acontece porque a sociedade não apoia a leitura. Em casa, as pessoas não possuem livros. Quando a escola exige que se compre um, muita gente acha que é um desperdício de dinheiro. Assim, vão passando essa cultura para seus filhos”, explica a coordenadora. “Para mudar esse quadro, toda a sociedade precisa se envolver. A leitura é fundamental para qualquer área do conhecimento.”

O governo também deve fazer a sua parte. No ano passado, 61 milhões de livros foram adquiridos pelo governo federal e distribuídos gratuitamente para alunos de escolas públicas do País. Este ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que a intenção é triplicar a quantidade. (Cintia Végas)

Serviço: Congresso Paranaense de Leitura Saberes. Data: 22 a 24 de maio. Local: Tuca, teatro da PUCPR. Inscrições: www.pucpr.br/letras, até 21 de maio. Mais informações: (41)330-1515, ramal 2145.

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