Congresso discute relação médico-paciente

Discutir e colocar em prática uma medicina menos técnica e mais humana. Com esse objetivo, temas como a hipocondria, a simulação e a somatização de doenças estão sendo repensados no VII Congresso Paranaense de Clínica Médica, que começou na quinta-feira e termina hoje, em Curitiba. De acordo com o presidente do congresso, o médico César Alfredo Kubiak, é preciso habilitar os profissionais da área sobre a diferenciação entre as doenças e a necessidade de uma "aliança terapêutica" entre médico e paciente.

Segundo Kubiak, cerca de 30% a 50% dos pacientes desenvolvem anomalias não por razões orgânicas, mas afetivas e familiares. É o caso da hipocondria. Popularmente relacionada àqueles que "criam" doenças em seu imaginário e abusam dos remédios como forma de combatê-las, faz com que pacientes peregrinem pelos consultórios fazendo oferta de suas doenças para captar a atenção dos médicos. "Mesmo sendo fictícias, eles sofrem muito", explica o médico. "A hipocondria pode ser até resultado de uma depressão mascarada. O médico tem de perceber isso. Caso contrário, a tendência é o paciente praticar o shopping doctors, ou uma mudança constante de médicos, sem conseguir resolver seu problema", argumenta.

O hipocondríaco não deve ser confundido com o simulador, aquele paciente que elabora uma situação irreal usada para obter vantagens afetivas de carinho e atenção. "A diferença é que ele tem consciência da simulação", estabelece Kubiak, alertando para a confusão feita entre os dois males e ainda um terceiro: a somatização de doenças.

"O somatizador é aquele que os exames não detectam qualquer anomalia, mas possui síndromes clínicas ditas funcionais. Ou seja, não apresentam anomalias do ponto de vista técnico, mas sofrem como se realmente apresentassem doenças orgânicas", esclarece. "O médico que tem visão excessivamente tecnológica e pouco humanista pode dizer que é coisa da cabeça do paciente; mas não se trata disso. O sofrimento é real", acrescenta. Um exemplo são os sintomas da depressão, que podem vir associados a males aparentemente sem ligação ao real problema, como distúrbios alimentares, fadiga, diminuição da libido, perda do rendimento individual e cognitivo.

Tratamento

Entre os itens utilizados no tratamento desses doentes, o vínculo médico-paciente é um dos quesitos mais importantes, de acordo com o médico. "Também é preciso ter tempo disponível para o atendimento, dar enfoque humanístico ao tratamento, conhecendo o histórico e as dores da alma. O médico deve ainda estar aberto à multidisciplinaridade, abordando todas as vertentes terapêuticas, e ter compromisso com a continuidade do tratamento", afirma.

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