Comunidade resgata costumes milenares

Nomes hebraicos. Roupas simples. Comida natural. Muito amor e partilha. Somente o necessário. Em pleno século 21, na área central de grandes cidades, agitadas pelo consumo e outros subterfúgios, o estilo de vida diferenciado de um grupo de pessoas chama a atenção. Esse "movimento" começou há 30 anos nos Estados Unidos. Há 15 chegou ao Brasil, em Fortaleza. Hoje, eles estão somente no Sul, em três pontos: Osório, no Rio Grande dos Sul, Londrina e Curitiba.

A comunidade em Curitiba tem 54 adeptos, que vivem juntos: 22 deles em uma casa no bairro Santa Quitéria, e os demais em um sítio, de onde vem a renda e a subsistência do grupo, em Campo Largo. Como explica um deles, Yadutan, apesar de terem a bíblia como guia de vida, não se trata de uma religião, com normas e regras, ou comunidade alternativa. "Queremos viver o evangelho de verdade. Viver na prática como viviam as primeiras comunidades: viviam juntos, com tudo em comum e todas as necessidades eram supridas. Viviam uma vida de amor. Na realidade estamos vivendo como viviam as pessoas há dois mil anos", explica Yadutan.

As tarefas são divididas, assim como os lucros. Todos trabalham com produção orgânica e exportação. Outro ponto curioso entre eles: além de viverem sob o mesmo teto, as pessoas se respeitam e se amam. Em alguns casos, o desrespeito e as ofensas podem ser motivos de expulsão, como explica Yadutan. O grupo não tem um nome, mas para desenvolver um site precisariam de identificação, daí o nome fantasia "Doze tribos". "Não estamos querendo ser uma nova religião ou um novo grupo. Não estamos interessados em rótulo. É um estilo de vida", explica.

Uma ou duas pessoas fazem a compra por todos, inclusive de roupas e outros utensílios básicos. "A gente usa o que é prático, nada que está na moda", afirma. Apesar de não ser proibida, a comunidade não assiste televisão. E explicam o porquê. "Você liga e todos param de conversar. A TV corta a comunicação", revela Yadutan. Outro fato interessante é a educação das crianças do grupo. "Eles são ensinados em casa e aprendem de tudo", explica Yadutan.

Rotina

A rotina diária também é bastante diferente. "Às 5h30, nós acordamos e temos uma hora para nos preparar – caminhar sozinhos, meditar, resolver coisas que ainda não foram resolvidas, orar. Às 6h30, nos reunimos para fazer exercícios e orar juntos. Depois comemos juntos e, por volta das 8h30, vamos ao trabalho. Às 17h30, paramos de novo e temos uma hora de nova preparação, quando pensamos no que ficou mal resolvido durante o dia. Depois disso cada um faz seus afazeres próprios?, explica Yadutan. Todas às sextas, às 18h30, o grupo reúne convidados, vizinhos, amigos e a comunidade para jantar, dançar, segundo o folclore de Israel.

Mudança

Rássida, Iadon, Catan. Antes de receber esses nomes e assumir essa vida, todos do grupo tiveram de deixar para trás muita coisa. O nome de registro de Yadutan é Paulo. Antes de trabalhar na comunidade para todos, ele trabalhava com computadores e levava uma vida sem comprometimento. "Deixei tudo para trás. Festa, barzinho. Tudo por algo mais sério. É uma proposta de vida radical", explica. Para divulgar a comunidade e fazer com outras pessoas conheçam oa proposta de vida, o grupo sempre participa de convenções, eventos, dançam no calçadão ou caminham para convidar as pessoas. "Todos são bem-vindos aqui. Nossa casa é aberta para todos", afirma Yadutan.

Serviço: A comunidade pode ser conhecida pelo site www.dozetribos.com.br. 

Voltar ao topo