90% da cidade destruída

Como se formam os tornados? Entenda o fenômeno que devastou Rio Bonito do Iguaçu

Foto: Olho Vivo / colaboração.

O tornado que atingiu o município de Rio Bonito do Iguaçu, no Oeste do Paraná, devastou a cidade na sexta-feira (07/11), provocando seis mortes e deixando mais de 430 pessoas feridas. O fenômeno foi um dos mais intensos já registrados no Estado. Diferente dos ciclones extratropicais, como o que provocou ventos e chuvas fortes no Sul do país nos últimos dias, os tornados são fenômenos muito mais localizados e difíceis de prever com exatidão, devido à sua rápida formação e curta duração.

Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o tornado foi resultado de uma supercélula, tipo de tempestade severa que se forma em ambientes de alta instabilidade atmosférica e com intenso cisalhamento vertical do vento, ou seja, grandes variações na velocidade e direção do vento em diferentes alturas das camadas da atmosfera.

“Uma dessas tempestades, classificada como supercélula, gerou um tornado sobre o município de Rio Bonito do Iguaçu, causando danos bastante severos sobre a cidade. Foram registrados tombamentos de veículos, quedas de árvores inteiras e inclusive de casas de alvenaria. A classificação do tornado foi baseada na análise dos danos e também nas imagens do radar meteorológico do Simepar”, explica Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.

Dentro dessas tempestades, o que as diferencia das comuns é a presença de uma corrente de ar que sobe em espiral, chamada mesociclone. Esse giro acontece dentro da nuvem, em camadas médias da atmosfera. Quando o ar quente e úmido sobe rapidamente, o mesociclone faz com que a nuvem gire de forma organizada, criando as condições ideais para a formação de tornados.

Nem toda supercélula é tornado

Apesar de relacionadas, nem toda supercélula forma um tornado. Muitas vezes, essas tempestades intensas provocam granizo de grande tamanho, rajadas de vento extremamente fortes ou até microexplosões, que são correntes descendentes de vento vindas da base da nuvem. Já o tornado é uma coluna de ar em rotação violenta que se estende da nuvem até o solo, com capacidade de causar destruição severa em poucos segundos.

As supercélulas são, no entanto, responsáveis pela formação de alguns dos tornados mais violentos já registrados. Enquanto uma tempestade desse tipo pode durar até seis horas e percorrer dezenas ou até centenas de quilômetros, os tornados costumam durar poucos minutos, embora sua força destrutiva possa ser devastadora.

Como são classificados os tornados?

O tornado que atingiu o Oeste do Paraná foi classificado inicialmente como F2 na escala Fujita, que corresponde a ventos entre 180 e 250 km/h. No entanto, o Simepar ainda investiga se algumas rajadas podem ter ultrapassado essa velocidade, o que elevaria o fenômeno para categoria F3 na Escala Fujita Aprimorada (EF), faixa que varia entre 250 e 330 km/h.

Anteriormente, o Paraná já havia registrado, em 1997, um tornado de categoria F3 em Laranjeiras do Sul, cidade vizinha de Rio Bonito do Iguaçu. Mais recentemente, em setembro deste ano, o Simepar confirmou a ocorrência de um tornado F1 em Santa Maria do Oeste, com ventos de até 180 km/h.

A classificação dos tornados é feita com base nos danos observados e na velocidade estimada dos ventos. Os institutos meteorológicos analisam imagens de radar e satélite durante o evento, além da devastação deixada após sua passagem. Após a análise, os tornados são classificados de acordo com as escalas Fujita (F0 a F5) e Fujita Aprimorada (EF0 a EF5), que medem o nível de destruição em estruturas, vegetação e edificações. Ambas variam de 0 (danos leves) a 5 (danos catastróficos).

A Escala Fujita Aprimorada (EF), adotada oficialmente em 2007, é uma versão revisada e mais precisa da original. A principal diferença está no uso de indicadores de dano específicos e critérios de engenharia atualizados, que permitem relacionar os estragos observados a estimativas mais confiáveis da velocidade do vento. Na prática, a nova metodologia permite que os meteorologistas avaliem com maior precisão a força de um tornado a partir do impacto real sobre o ambiente. 

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