Comendo poeira para fugir do pedágio

 Chuniti Kawamura / GPP
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Mesmo aumentando o percurso
em cerca de 6 km, estrada vem recebendo maior volume de tráfego após aumento da tarifa.

Usuários da BR-277 que precisam se deslocar com freqüência de Curitiba para o litoral do Estado ou vice-versa estão utilizando uma via alternativa – pertencente ao município de São José dos Pinhais – para fugir do pedágio. É uma estrada de terra de aproximadamente dez quilômetros de extensão, que começa no quilômetro 61 da rodovia, a poucos metros da praça administrada pela concessionária Ecovia, e sai no quilômetro 57, nas proximidades de um retorno operacional existente na estrada.

Depois que o valor do pedágio foi reajustado, no início deste mês, a via passou a ser mais comentada entre os motoristas e a receber um volume bem maior de veículos, principalmente nos finais de semana. "O movimento praticamente triplicou. A estradinha era sossegada, mas agora todo mundo que não quer pagar pedágio passa por ela", comenta o comerciante Abel Nogueira, que possui propriedade às margens da via.

Ele se diz preocupado, pois a estradinha é bastante estreita e cheia de curvas. Não possui sinalização, está repleta de buracos e se torna perigosa principalmente em dias de chuva forte, quando é verificada muita lama. "Transporto produtos do litoral para Curitiba. Sempre uso a via alternativa quando desço a Serra do Mar e não estou com muita pressa, economizando R$ 14,20 (caminhão com dois eixos) de pedágio. Porém quando chove, vou pela BR mesmo", afirma o caminhoneiro Mário Santucci.

A dona de casa Helena Rosot Bettez, que possui uma chácara na BR-277, após a praça de pedágio, diz que a estradinha não tem condições de receber o tráfego da rodovia e aponta outro perigo: assaltos. "A via não tem segurança alguma, principalmente à noite, quando o risco das pessoas serem assaltadas é grande", declara.

Na opinião de Helena, a solução seria a Prefeitura de São José dos Pinhais realizar obras de melhorias na via. Apesar dos riscos, a dona de casa utiliza a estrada de terra quase todos os finais de semana, quando vai até sua propriedade. Com isso, ela economiza R$ 204 mensais em pedágio.

Secretaria de Urbanismo

O secretário de Urbanismo de São José dos Pinhais, Carlos Berti, confirma que a estrada que vem sendo utilizada como via alternativa pertence ao município. Segundo ele, a Prefeitura realiza serviços de manutenção periódicos no local, "que realmente não tem condições de receber o fluxo de veículos da BR-277", e não pode estruturar a via para não entrar em choque com a concessionária Ecovia, que administra o pedágio na BR-277.

Em entrevista recente concedida a O Estado, a Ecovia declarou que não vai conceder isenção da tarifa de pedágio a pessoas que moram após a praça de cobrança e precisam se deslocar todos os dias até Curitiba. Após analisar o pedido de isenção, feito por estes moradores, a concessionária detectou que a maioria das propriedades existentes após o pedágio era de veraneio e lazer.

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