Começa reassentamento na Vila Audi

A Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) iniciou nesta quinta-feira (21) o reassentamento de famílias da Vila Audi, uma ocupação irregular do bairro do Uberaba, localizada entre a linha férrea e a margem do rio Iguaçu. Foram reassentadas 19 famílias que viviam em condição precária nas proximidades da ferrovia ou em pontos de alagamento.

O novo local de moradia é o loteamento Moradias União Ferroviária, criado em área livre na própria ocupação, em local que não oferece risco aos moradores. “Com o reassentamento, as famílias passam a morar em casas de alvenaria com até três quartos em local plano, seco e seguro”, explica o presidente da Cohab, Mounir Chaowiche.

O reassentamento é uma das ações do projeto de urbanização da Vila Audi, que irá beneficiar 3,1 mil famílias. A área é uma das maiores ocupações da cidade e se estende por cerca de 2 milhões de metros quadrados, entre a BR-277 e a avenida das Torres. Em função das suas dimensões, o projeto está sendo feito em etapas. Na fase atual, estão sendo construídas 419 casas para abrigar famílias em situação de risco. A mudança dos moradores será feita de modo gradativo, a medida que for concluída a construção das unidades.

A situação das famílias que vivem na Vila Audi é uma das mais críticas da cidade e, por isso, os moradores reassentados comemoraram a mudança. Maria Zeferina de Jesus é um exemplo. Aos 57 anos, mãe de 5 filhos, ela mora com o marido, uma filha, cinco netos e o marido da neta. A casa foi construída numa baixada, entre a rua e a linha do trem, em um ponto que não permite o escoamento das águas. Por isso, a maior parte do tempo, ela é obrigada a usar botas de borracha dentro de casa, porque o alagamento é permanente.

“É um lugar muito ruim para morar”, disse ela, pouco antes da mudança. No caminhão, poucos pertences. “Só a televisão, alguns colchões e armários. O resto estragou tudo na última enchente”, contou. Pela manhã, antes de arrumar suas coisas, ela foi com as filhas Vanessa e Janicler conhecer a nova casa. “Será uma benção viver aqui”, falou.

Viviani Landin Gerhardt considera a mudança para casa nova “uma vitória”. Chefe de famílias, com três filhos (duas adolescentes de 16 e 14 anos e um menino de 9 anos), ela estava contando os dias que faltavam para se transferir para a nova moradia. No antigo local, ela deixou uma casa de madeira com duas peças em um terreno que vivia enxarcado. “Mas eu nunca deixei de ter esperanças e acreditar que a vida reservava um lugar melhor para a minha família”, disse.

Vânia Prado chegou cedo com o caminhão de mudança na casa nova, levando as duas filhas. Fez questão de fotografar a chegada para nunca mais esquecer o dia do sonho realizado. Operadora de caixa de mercado, ela conta que ia trabalhar de “cabeça quente”, porque estava permanentemente preocupada com a situação das crianças. Além da proximidade com a linha férrea, havia também o risco de alagamento. Agora, sente-se a vontade para fazer planos para o futuro. “Vai dar gosto arrumar a casa”, falou.

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