Começa o mutirão pela alfabetização

Entrou em prática ontem o projeto que pretende erradicar o analfabetismo em Curitiba. O Luz das Letras é destinado a 40.244 pessoas, ou seja, 3,38% da população que não sabe ler e escrever. A primeira turma é do bairro Santa Felicidade e conta com 28 alunos com idade entre 40 e 80 anos.

Ana Maria de Souza, 77 anos, estava muito nervosa, a tarefa de segurar um lápis parecia difícil. “Não sei se vou conseguir”, afirmou. Ela nunca pôde estudar, perdeu os pais quando pequena e o irmão mais velho fez com que assumisse todos os afazeres domésticos aos 10 anos. Depois casou e o mundo da leitura e da escrita continuou longe, enquanto se ocupava com a criação dos seus 12 filhos. “Quero sair daqui pelo menos escrevendo o meu nome”, disse. A idéia é substituir suas digitais nos documentos, pelas letras. Maria Augusta Gomes, 66 anos, também não pôde ir à escola. Afirma que já conhece as letras, mas ainda não consegue juntá-las. Seu sonho é ler a Bíblia, que ganhou há 7 anos.

Todos os professores do projeto são voluntários e recebem capacitação da secretaria Municipal de Educação (SME) de Curitiba. Os empresários também ajudam e fornecem espaço, material escolar e até o lanche para os alunos. A coordenadora do programa, Elizabeth Naizer, comenta que a participação da sociedade é essencial para erradicar o analfabetismo e qualquer um pode ajudar. “Estes dias recebemos o telefone de uma cabeleireira que estava cedendo o espaço para as aulas”, diz.

As unidades de saúde também ganharam um papel importante. Através de seus cadastros fazem o primeiro contato para chamar os estudantes para a sala de aula. O material didático é elaborado pela SMS e com ele, além de aprender a dominar as letras, os alunos recebem lições de higiene e saúde. Até ontem já estavam cadastrados 360 voluntários e 10 empresas. “Depois de alfabetizados os alunos se sentem mais fortes para freqüentar uma sala de aula regular e continuar os estudos”, explica Elizabeth.

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