Cirurgiões se descredenciam da Unimed

Até o final da próxima semana, os cirurgiões cardiovasculares de todo o estado do Paraná iniciam um processo de descredenciamento da Unimed. O motivo para a categoria romper com a cooperativa é um desentendimento em relação ao pagamento das equipes que realizam aos procedimentos desta especialidade. Segundo a Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares do Paraná (Coopcardio-PR), após mais de um ano tentando um acordo a respeito do assunto, a Unimed teria se comprometido a negociar com a categoria em âmbito estadual, mas descumpriu a promessa ao iniciar negociações com algumas das cooperativas regionais de forma isolada.

“Com essa atitude, a Unimed tomou uma iniciativa unilateral e rompeu a premissa básica do nosso acordo, iniciando discussões em Londrina e Curitiba. Assim, nos sentimos pouco à vontade para negociar e decidimos voltar à decisão inicial, de romper com a cooperativa”, explica o presidente da Coopcardio-PR, Marcelo Ferraz de Freitas. Os profissionais querem que a Unimed faça o pagamento das equipes de acordo com os valores sugeridos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e pela Associação Médica Brasileira.

Freitas conta que o valor pago atualmente pela cooperativa fica entre R$ 1,2 mil e R$, 15 mil por equipe, muito abaixo da tabela recomendada pelas duas entidades. “Durante este ano de 2011, conseguimos negociar com todos os outros planos para que eles paguem os valores adequados. Com eles, firmamos um acordo para que seja pago R$ 10 mil por equipe em um primeiro momento, havendo progressão de valores nos próximos 12 ou 18 meses para chegar a R$ 15 mil”, comenta. Segundo o presidente da Coopcardio-PR, por mês são realizados entre 700 e 800 procedimentos cardiovasculares, sendo cerca de 120 feitos pela Unimed.

No entanto, a Unimed Paraná nega que esteja desrespeitando o acordo com os cirurgiões cardiovasculares. A cooperativa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o que ficou acordado entre a Unimed Paraná e a categoria era que as negociações aconteceriam em cada uma das cooperativas regionais, com o intermédio do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e da própria Unimed Paraná. A entidade também afirmou que desconhece o movimento de descredenciamento dos cirurgiões cardiovasculares, pois até o momento, não recebeu qualquer pedido semelhante. A reportagem também procurou a Unimed Curitiba para comentar o assunto, mas não obteve retorno.

Pacientes

Após o descredenciamento dos cirurgiões cardiovasculares da Unimed, os pacientes que utilizam os planos de saúde da cooperativa não devem ser prejudicados. Pelo menos é o que diz o presidente da Coopcardio-PR, Marcelo Ferraz de Freitas. De acordo com ele, a partir do momento que os profissionais deixaram de atender pela cooperativa, somente o procedimento para solicitar as cirurgias deve ser diferente.

“Não estamos rompendo com os pacientes ou com a sociedade, apenas com um modelo de remuneração. Como nenhum médico deve continuar na Unimed, a cooperativa terá de arcar com os custos do mercado para oferecer os procedimentos. Desta forma, o paciente terá que levar o orçamento do médico à Unimed para que ela autorize a sua realização”, explica. Caso a Unimed não aceite pagar o valor estabelecido pelo orçamento, o paciente deve fazer o pedido na Justiça, “mas a decisão não deve ser demorada porque é uma questão de saúde”, garante o médico.