?Chuva? de serragem e pó em Fazenda Rio Grande

Moradores do bairro Eucalipto, em Fazenda Rio Grande, na Região Metropolitana de Curitiba, afirmam que não agüentam mais conviver com a fumaça, o pó de serragem e a fuligem que a fábrica de madeira Mariele solta todos os dias. Acrescentam que já pediram ajuda para vários órgãos, como a Prefeitura, mas nada foi resolvido.

Lourdes de Almeida, que mora há 17 anos no local, conta que um dia estava indo trabalhar e sentiu que caía uma garoa fina. Porém, quando olhou para a roupa, viu que estava toda suja de fuligem. Teve que voltar para casa e tomar um banho.

Sandra Bento mora no local há noves meses e diz que está com vontade de ir embora. ?A gente tem que ficar com a casa fechada quase todos os dias e as crianças não podem brincar fora?, fala. Carmelina Almeida fala que a situação é antiga. Já procuraram a Prefeitura e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e pouco foi feito. ?Faz tempo que eu não seco mais a roupa fora de casa. Fica toda suja. A roupa branca fica preta de fuligem e a preta fica branca de pó?, reclama.

Outra moradora, Jucélia Vitorino, está preocupada também com a horta comunitária. O pó de serragem acaba caindo sobre as verduras e ela tem medo de contaminação. ?Pode ter veneno no pó da madeira e pode acabar contaminado os alimentos?, diz. Na casa dela, a área de serviço não tem forro e ela precisa cobrir a máquina de lavar roupas e a centrífuga porque a fuligem que caí acaba riscando os equipamentos. ?Sem contar a alergia que sempre ataca meus filhos?, afirma.

Nilcéia Ambrósio, que trabalha no setor administrativo da empresa Mariele, diz que no local trabalham com madeira para exportação. Os equipamentos foram locados no fim do ano passado e aos poucos eles estão adequando a estrutura. A tubulação que leva a fuligem e o pó para um silo começou a ser trocada, mas o processo é demorado porque o material é especial, já que funciona sob pressão. Em dez dias ela acha que o problema deve estar resolvido.

Segundo informações da Prefeitura, está sendo negociado com os proprietários a transferência da empresa para outro local. De acordo com o IAP, a antiga empresa que funcionava no lugar, a Embrapinos, tem quatro autuações ambientais. A última delas, em 2006, multou os proprietários em R$ 15 mil porque a fábrica estava funcionando em desacordo com a lei ambiental. O órgão deve enviar a fiscalização mais uma vez ao local para verificar se a nova empresa está cumprindo a lei.

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