Chope verde e amarelo une brasileiros e alemães

Nem mesmo o Schwartzwald (“Floresta Negra” ou Bar do Alemão), tradicional reduto da colônia alemã em Curitiba, resistiu à invicta campanha brasileira na Copa do Mundo. Depois da classificação da “família Scolari” para a final contra os germânicos, o bar trocou a tradicional decoração amarela, vermelha e preta, por uma bem mais conhecida de nós brasileiros. O verde e amarelo tomou conta do bar, inclusive da sua principal iguaria. Os freqüentadores do bar podem tomar o tradicional chope, amarelado, e a novidade, o chope verde.

O gerente de marketing do Bar do Alemão, Jorge Klettke Tonatto, contou que o chope verde foi inventado durante as eliminatórias da Copa. Ele destacou que, durante a final, o bar não ficará aberto para o encontro dos alemães. “Na Copa do México em 86, quando começamos a reunir a colônia alemã aqui, foi feito o acordo, de que quando a Alemanha jogasse com o Brasil, não haveria nada em especial”, contou Tonatto, lembrando que a promessa valeria para qualquer fase da Copa, não só para a final.

O gerente de marketing explicou que durante o dia, após a final da Copa, o bar permanecerá aberto normalmente. “Se os alemães forem campeões e quiserem comemorar aqui não terá problema, mas acho que a festa deles vai ficar adiada só para a próxima Copa, que vai ser na Alemanha em 2006”, confidenciou Tonatto.

Curitibano, mas torcedor da Alemanha

Cintia Végas

Nem todos os brasileiros vão estar torcendo para que o Brasil se torne pentacampeão no jogo de hoje. Na capital paranaense, parte da família do estudante de Biologia Victor Carlos Schaffer, de 19 anos, vai estar torcendo para a Alemanha.

Victor, que nasceu em Curitiba, é descendente de austríacos, espanhóis e alemães. “Meus avós maternos são austríacos. Metade da família de meu pai é alemã e a outra metade é espanhola”, conta. “Porém, sempre simpatizei muito com os alemães.”

Ao contrário de outros descendentes, que atualmente ostentam bandeiras verde e amarelas e vestem a camisa da seleção de Luiz Felipe Scolari, Victor tem a bandeira da Alemanha no quarto e camisas da seleção alemã no guarda-roupas. “Em casa, tenho vários objetos trazidos da Alemanha. Também faço parte de um grupo folclórico alemão”, conta.

Embora conte com o apoio de parte da família, Victor diz que muitos amigos brasileiros ficaram revoltados ao saber que ele iria torcer para a seleção alemã. “Alguns amigos concordam e outros não gostam de minha decisão”, revela. “Porém tenho muitos primos e amigos alemães que vão estar torcendo comigo para que a Alemanha, assim como o Brasil, se torne tetracampeã. Se a Alemanha perder, vou ficar triste, mas também feliz por meus amigos brasileiros.”

Quando era criança, o estudante visitou a Alemanha. Embora se lembre pouco da viagem, conta que achou o país muito bonito. “Lembro de olhar do avião e ver morros e vilas. É um país muito bonito”, afirma. No próximo ano, ele deve voltar para lá e completar seu curso de Biologia. “Ainda não sei se vou ficar morando na Alemanha. Penso no assunto, mas ainda não tomei nenhuma decisão.”

Comerciantes reclamam do pequeno movimento

Lawrence Manoel

A chegada da seleção brasileira à terceira final consecutiva de Copa não animou as vendas do comércio de produtos ligados ao futebol. Embora a venda tenha crescido nas últimas semanas, a maioria das pessoas ligadas ao setor acredita que a Copa do Japão e da Coréia foi pior do que a Copa da França, em 98.

A vendedora de lenços e tiaras nas cores da seleção, Mara Lúcia Carvalho, que se veste de Emília verde-amarela, afirmou que as vendas estão apenas medianas.

O vendedor de bandeiras Zaquel Alves fez coro com Mara. “Vendo umas quarenta bandeiras por dia. Na Copa passada vendia quase cem”, afirmou.

O gerente da Dib Sports e presidente em exercício da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Jorge Dib, contou que em trinta anos vendendo material esportivo, essa foi a pior Copa. Ao todo ele vendeu cerca de 150 camisas da seleção (R$ 100 cada). “Camisa que tem uma venda constante é a da Argentina. Durante todo ano ela vende. A do Brasil vende mais em época de Copa, para turistas ou brasileiros que vão para fora do País”, explicou.

A exceção

Diferente da maioria dos comerciantes, o gerente da Janjão Artigos Esportivos, Wilson Dib, afirmou que as vendas foram boas nessa Copa, praticamente o mesmo nível de produtos vendidos em 98. Ele destacou que as bandeirinhas de carros foram a sensação da temporada. “Vendemos mais de cem delas.” As camisas da Alemanha já estão esgotadas. “As azuis do Brasil acabaram após a vitória contra a Inglaterra, quando a seleção jogou de camisa azul e muito bem”, explicou Wilson. Segundo ele, nos últimos tempos, somente o título brasileiro do Atlético fez a loja vender mais camisas.

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