Caranguejos diminuem de tamanho

O tamanho médio dos caranguejos do litoral paranaense está menor. A observação, ainda baseada na percepção das pessoas envolvidas na atividade caranguejeira, pode ser um indício de que a quantidade desses crustáceos tem tendência a diminuir a médio prazo. “Em outros lugares, como o Ceará, a diminuição no tamanho médio dos caranguejos precedeu a sensação de falta da espécie. Por aqui, temos um estoque pequeno, mas para uma demanda também reduzida”, avalia o professor do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ubiratã Assis da Silva. “Na Região Sul, os manguezais, de 20 a 30 metros, são mais estreitos do que em outras regiões do País, e a variação de marés é pequena”.

Ainda não é possível mensurar a redução nos crustáceos. “Mas, historicamente, temos caranguejos grandes aqui no Paraná”, lembra Silva. Por enquanto, a carapaça média do caranguejo encontrado no litoral paranaense ainda é maior do que o mínimo permitido pela legislação para a captura, que é de seis centímetros. Pela legislação estadual, mais restritiva que a lei nacional (que autoriza a captura do caranguejo macho o ano todo), a permissão para a captura do caranguejo vale de dezembro a fevereiro, exatamente a época em que essa espécie está se reproduzindo.

Comércio

“A legislação não leva tanto em conta questões biológicas, mas sim o período que o caranguejeiro mais pode aproveitar para vender”, observa o professor. “Um caranguejo leva mais de sete anos para atingir o tamanho adulto, o que demonstra a sua fragilidade. Muitos pescadores não sabem disso”, completa.

Durante o período de reprodução, o caranguejo tem uma característica peculiar conhecida como “andada” ou “corrida”, quando o crustáceo, especialmente o macho, se afasta da sua toca e fica mais suscetível à captura. Essa facilidade atrai outras pessoas que se dedicam à atividade somente na alta temporada.

Para resolver o problema, o professor da UFPR propõe uma alternativa de ampliar o período de permissão da captura, de novembro a março, mas impedindo o pescador de capturar a espécie durante as “andadas”, que são quatro vezes ao ano, em média, durante o período reprodutivo.