Caminho do Itupava reabre em um mês

Uma parceria entre as secretarias de Estado do Meio Ambiente e da Cultura e o banco alemão KFW proporcionou a revitalização do Caminho do Itupava, que deverá ser reaberto ao público daqui a um mês. Considerada um marco na história do Paraná, a trilha indígena, que se tornou a única ligação entre o litoral e a vila que deu origem a Curitiba, ficou abandonada depois da construção da Estrada da Graciosa e da ferrovia entre a capital e Paranaguá.

A trilha começa em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, e termina em Morretes, no litoral. Possui 22 quilômetros de extensão e uma largura que chega a até 5 metros. O Caminho do Itupava começou a ser utilizado para o transporte de mercadorias e pessoas a partir do século XVII, com o surgimento da vila que daria origem a Curitiba. Um século depois, o caminho foi preenchido com pedras para auxiliar o trânsito de animais. Era preciso entre dois e quatro dias para cumprir o trajeto. Durante o percurso, havia vilas, postos de pagamento de impostos e engenhos, segundo Henrique Schmidlin, mais conhecido como ?Vitamina?, do setor de Patrimônio Histórico da Secretaria de Estado da Cultura.

O Caminho do Itupava caiu em desuso após a construção da Estrada da Graciosa, em 1873, e da estrada de ferro entre Curitiba e Paranaguá, em 1885. Desde então, apenas apaixonados por aventura, esporte e natureza continuaram passando pela trilha. A restauração começou em outubro do ano passado, sendo considerada a primeira intervenção no local. Foram investidos cerca de R$ 900 mil na recuperação, construção de pontes de madeira e contratação de profissionais.

Segundo Paulo de Tarso Pires, coordenador-geral do Programa Pró-Atlântica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, um dos objetivos é democratizar o caminho, pois foi facilitado o acesso para as pessoas com um mínimo de condições físicas. Aliás, descer o Caminho do Itupava requer preparo. Há trechos com descidas íngremes e, por causa das pedras, o passeio pode se tornar escorregadio. O trajeto todo pode levar até oito horas para ser concluído. A subida, então, exige demais do turista. Mas vale a pena por estar no meio da Serra do Mar e da Mata Atlântica, além da importância histórica.

Ontem, as secretarias envolvidas no projeto realizaram a última visita técnica no local, com o acompanhamento de representantes do banco alemão, da Embaixada da Alemanha e outras autoridades. Na reabertura, haverá postos de controle de acesso da trilha em Quatro Barras e Morretes.

A Polícia Ambiental fará a fiscalização do trecho, que já ficou marcado há alguns anos pelos assaltos. Além do auxílio ao turista, a polícia fiscaliza os crimes ambientais, como caça, retirada de plantas ornamentais e extração ilegal de palmito. O capitão Cesar Lestechen Medeiros, comandante da 1.ª Companhia da Polícia Ambiental, orienta que os turistas avisem parentes e amigos antes de pegar a trilha; desçam em grupos com, no mínimo, cinco pessoas; e iniciem o trajeto pela manhã, para atingir o final ainda de dia. Em apenas três pontos do trajeto é possível utilizar o celular.

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