Burocracia barra implantação do seguro popular

A paixão dos brasileiros por carro termina na hora de pagar seguro, pelo menos é isso que mostram os números do setor no Brasil, onde apenas 28% da frota conta com cobertura e, no Paraná, corresponde a 26% do total de veículos. Quanto mais antigo o veículo, menor a chance de qualquer tipo de cobertura (contra terceiros e total) devido ao aumento gradativo da taxa atuarial (valor de referência do veículo). Como antídoto, o governo tenta, pela segunda vez, implantar o chamado seguro popular de carro até junho, que esbarra em diversas questões como regulamentação de desmanches e no problema de oferta de peças e oficinas com efetivo condizente à demanda que, hoje, dependendo do serviço submete o cliente a 90 dias de espera.

O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros (Sincor) do Paraná, José Antonio de Castro, avalia que para o setor é positiva a tentativa do governo, porém, a efetividade do seguro popular ainda é questionável. “Crescemos 18% no ano passado, por causa do número de carros novos vendidos, mas o mercado de seguros quer e sabe que pode crescer mais, oferecendo produtos que possibilitem o acesso de quem não consegue arcar com esse tipo de cobertura nos moldes atuais. O Paraná tem frota que beira os seis milhões (5,954 milhões) de veículos, dos quais 30% são considerados não seguráveis, por ser muito antigos, e mais de 40% não têm cobertura de seguro. “O seguro popular conseguiria fortalecer a cultura de proteção do patrimônio contra infortúnios”.

Consumidor terá opções

Porém, o formato desse seguro popular “não pode frustrar esse novo cliente”. Segundo José Antonio de Castro, pela regra atual, o consumidor terá a opção de contratar o seguro tradicional ou o popular, sendo que na nova modalidade poderá cobrir 75% da perda ou não contemplar determinados tipos de proteções. Quanto a possibilidade de abrir os reparos para peças de veículos usados, Castro considera que o caminho da regulamentação dos desmanches é longo. “Para funcionar, o governo precisará cadastrar os fornecedores e ter controle rigoroso do registro de origem de cada peça, do contrário, poderá estar favorecendo a criminalidade”, aponta.

Do que há no mercado atualmente, Castro diz que a alternativa para quem não consegue arcar com seguro total é optar pelo seguro contra terceiros. “Em carro popular, enquanto a apólice custa em torno R$ 1,5 mil para a cobertura total, contra terceiros vai sair em torno de R$ 300”, indica.

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