Brasil restringe acesso aos parques

Dos 62 parques nacionais brasileiros, apenas 19 estão abertos à visitação. Dois deles concentram 74% do número de visitantes: o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, e o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo a pesquisadora Andréa Zimmermann, isso acontece porque no Brasil a política de gerenciamento dos parques sempre foi focada na restrição do acesso como forma de preservar o meio ambiente. Mas ela afirma que visitas organizadas e a conscientização da população cumpririam melhor o objetivo.

A pesquisadora concluiu o estudo no ano passado, durante seu mestrado pela Universidade de Brasília. Ela diz que, no Brasil, apenas 1,5% da população visita os parques nacionais, mesmo porque só 16 abrem oficialmente as portas para o público. O número é muito pequeno se comparado com parques no Equador e Argentina. No primeiro, todos os parques são abertos, e no segundo, apenas um é fechado.

Andréa explica que os parques nacionais têm três objetivos a cumprir: a pesquisa científica, a preservação e, por último, a educação ambiental e o ecoturismo. No entanto, o terceiro objetivo vem sendo negligenciado. Segundo ela, os outros países têm as mesmas dificuldades que o Brasil, como pouca infra-estrutura e a falta de funcionários e, mesmo assim, encontram meios para abrir as portas.

Para ela, o maior problema no País é que as visitas são encaradas como predatórias. No entanto, ela afirma que o jogo pode ser mudado. Com visitas organizadas e um trabalho de educação ambiental, ganham-se aliados para ajudar na preservação. Além disso, não dá para esquecer que o parques são nacionais e a população tem direito ao acesso.

Outro problema levantado por ela é a falta de atrações. Na Chapada dos Veadeiros, por exemplo, há poucas trilhas e a visitação só pode ser feita com a contratação de guias. Já o Parque Nacional do Iguaçu possui uma ótima infra-estrutura e oferece diversas atividades, mas é caro para boa parte da população. Ela defende a incorporação de atividades grátis.

Mas a pesquisadora vê com bons olhos a criação das diretrizes de visitação das unidades de conservação elaboradas no ano passado pelo Ministério do Meio Ambiente, sociedade e entidades ligadas ao setor. Elas prevêem uma maior abertura aos visitantes. Agora falta colocá-las em prática de forma controlada.

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